Os recentes sinais de alívio na inflação e a melhora na percepção das contas públicas, impulsionados pelo novo arcabouço fiscal e um crescimento econômico mais robusto, têm gerado entusiasmo entre os participantes do mercado. Esse otimismo tem se refletido especialmente na queda significativa das taxas de juros futuros ao longo deste ano.

As taxas de médio e longo prazos atingiram, nesta semana, os níveis mais baixos desde dezembro de 2021, em um movimento que também influenciou os juros de vencimentos mais curtos. Essa tendência é impulsionada pela percepção crescente de que a taxa Selic pode começar a ser reduzida já em agosto e alcançar um patamar abaixo de 10% em 2024.

O processo de descompressão dos prêmios de risco no mercado de juros tem se intensificado desde a apresentação da proposta de arcabouço fiscal do governo. Desde o pico do ano até o pregão de quarta-feira, a taxa do DI para janeiro de 2029 registrou uma queda de 2,69 pontos percentuais, passando de 13,62% em 2 de março para 10,93%. Além disso, a diferença em relação aos juros de longo prazo dos Estados Unidos diminuiu, ilustrando a redução do prêmio de risco embutido nos ativos brasileiros.

“Vimos um movimento muito relevante de queda das taxas desde o fim de março, que fez o Brasil ir na contramão de outros países. Havia um pessimismo muito grande, principalmente na parte fiscal, mas, desde que o arcabouço foi lançado, os cenários de cauda que o mercado estava precificando foram afastados, apesar de o projeto não ser um primor”, diz o sócio e gestor dos fundos multimercado e de renda fixa do Bahia Asset Management, Thiago Mendez.

Se o arcabouço fiscal deu o pontapé inicial para o forte alívio visto no mercado de juros, a melhora da dinâmica inflacionária ajudou as taxas futuras a romperem níveis importantes. Não por acaso, parte da curva de juros já opera na casa dos 10%.

“O Brasil teve um choque positivo de oferta com uma safra de grãos recorde, o que garante uma melhora na inflação à frente. Um dos grandes destaques nos últimos meses junto com a reprecificação do risco fiscal foi a melhora na perspectiva inflacionária”, afirmou o especialista.