Alimentação domiciliar pode registrar deflação pela primeira vez em seis anos
24 julho 2023 às 13h16
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Economistas apontam que a alimentação no domicílio no Brasil pode apresentar deflação em 2023, algo que não ocorre há seis anos. Tal cenário é impulsionado pelo arrefecimento nos preços de alimentos in natura e carnes, além da normalização do mercado de trigo e uma supersafra de soja no país. A possível deflação pode ser uma boa notícia para as famílias de baixa renda, uma vez que a alimentação domiciliar representa cerca de 15% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Após os impactos da pandemia da Covid-19 e da invasão da Rússia na Ucrânia, em 2022, os preços da alimentação domiciliar tiveram uma alta significativa de 13,2%, número maior que o dobro do IPCA, que subiu 5,8% no mesmo período. No entanto, para 2023, os economistas projetam uma reversão dessa tendência. A projeção mediana do Focus, pesquisa do Banco Central com agentes de mercado, apontou uma alta de 4,3% no início do ano, mas esse número foi reduzido para 0,9% na última coleta.
Diversos setores estão prevendo essa deflação nos alimentos domiciliares. Por exemplo, a LCA Consultores projeta uma ligeira queda de 0,1%, enquanto a Ativa Investimentos espera uma contração de 0,3%, já o Santander projeta 0,4% e a Asset1 projeta 0,5%. Essa tendência é resultado do rearranjo parcial das cadeias produtivas e da redução dos preços das commodities agrícolas, o que contribui para diminuir a pressão sobre os preços dos alimentos.
Os itens in natura, como tubérculos, raízes, legumes, hortaliças, verduras e frutas, já apresentaram desaceleração nos preços até junho de 2023, segundo a LCA. No caso das carnes, a redução dos preços das rações e o abate de matrizes em 2022 também têm contribuído para a queda dos preços. Além disso, o consumo de aves e ovos pode influenciar a formação dos preços das carnes, contribuindo para baixá-los.
Contudo, os economistas alertam para possíveis riscos que podem impactar esse cenário. Eventos fora do controle nacional, como o fenômeno climático El Niño e a tensão entre Rússia e Ucrânia, podem trazer incertezas para o mercado e afetar os preços dos alimentos, mas acredita-se que os efeitos desses eventos sejam mais sentidos em 2024.
Apesar dos riscos, os especialistas acreditam que a perspectiva para a deflação dos alimentos domiciliares é promissora, proporcionando um alívio financeiro para a população e ajudando a conter a inflação no país. Ainda assim, é importante acompanhar o comportamento do mercado e as variáveis externas que podem influenciar os preços dos alimentos nos próximos meses.