Familiocracia marca política em Goiás e no Brasil
21 julho 2022 às 18h32
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Embora a monarquia tenha sido substituída pela República, no Brasil a política é caracterizada pelo filhotismo e “familismo imoral”. Isso em Goiás não é diferente. No qual, políticos conseguem transferir aos filhos e esposas a hereditariedade do capital político. “Aquela lógica de dinheiro hereditário de passar o que é do pai para o filho, inclusive, não apenas bens materiais, mas também capital político. Isso nos acompanha desde a época das capitanias hereditárias, passando para o período monárquico e já dentro da República”, salienta o cientista político Guilherme Carvalho.
No Estado há inúmeros exemplos de atuais autoridades que os pais construíram ou herdaram capital político e repassaram para os filhos. “Vários mandatários que nós tivemos e ainda temos ou tem sobrenome muito forte, como os Caiados, Veiga Jardim e tantos outros sobrenomes tradicionais, que nos remetem ao período colonial”, ressalta o especialista.
Os exemplos mais recentes são: Daniel Vilela (MDB), filho do ex-prefeito de Aparecida de Goiás e ex-governador de Goiás, Maguito Vilela; o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), que lançou a esposa, Thelma Cruz, para o legislativo; assim também, o prefeito de Anápolis, Roberto Naves, com a mulher, Vivian Naves, pré-candidata a deputada estadual.
Na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), o deputado estadual Henrique Arantes (MDB) é filho do ex-deputado federal Jovair Arantes (Republicanos). Na Câmara Municipal de Goiânia a familiocracia fica mais evidente. Na Casa, Sabrina Garcez (PSD) é filha da ex-vereadora Cida Garcez. Há aqueles que herdam até os apelidos. Nesse aspecto, o vereador Paulo Henrique da Farmácia adotou a alcunha do pai, Paulo da Farmácia; e Pedro Azulão Jr. do pai, Pedro Azulão. Além deles, tem ainda o ex-vereador e secretário Mizaer Lemes Jr., filho do ex-vereador Mizair Lemes.
A legislação anterior da Casa foi marcada pelo mandato da parlamenta Tatiana Lemes, filha dos ex-deputados Euler Ivo e Isaura Lemos. Também foi eleita a vereadora Priscilla Tejota, esposa do então deputado estadual Lincoln Tejota, atual vice-governador e filho do ex-deputado Sebastião Tejota.
Guilherme Carvalho explica que essa situação é entendido como se fosse um patrimônio pessoal. Isto é, o pai ou esposo constrói uma carreira política e passa para o filho, que passa a gerenciar a mesma base construída. “Em Goiás, assim como em Estados ditos interioranos, ou seja, aqueles que não tem fronteira com o mar, por exemplo, isso é mais forte do que em estado litorâneos, que são mais abertos”, salienta.
Em Aparecida de Goiânia, há o exemplo do ex-prefeito Gustavo Mendanha (Patriota), pré-candidato ao Governo de Goiás. Ele é filho do ex-deputado Léo Mendanha. Segundo o cientista político, há correntes da geografia que explicam essa característica com o nível de sociabilidade, que leva a tendência do eleitor votar em nomes conhecidos.
Há exceção a regra dessa teoria da geografia, pois é do Rio de Janeiro, Estado litorâneo que surgiu o exemplo mais expressivo de familiocracia. O presidente da República, quanto deputado, ingressou os filhos, Flávio, Eduardo e Carlos, também na política. O cientista político classifica essa situação como “espécie de uma franquia chamada bolsonaro”, uma vez que ex-esposas do mandatário também se aventuraram na política.
Prefeito Rogério Cruz e Thelma Cruz
Prefeito Roberto Naves e Vivian Naves
Jovair Arantes e Henrique Arantes, pai e filho
Cida Garcez e Sabrina Garcez, mãe e filha
Tatiana Lemos, filha de Euler Ivo e Isaura Lemos
Mizaer Lemes e o secretário e ex-vereador Mizair Lemes Jr, pai e filho
Paulo da Farmácia e o filho vereador Paulo Henrique da Farmácia
Pedro Azulão e Pedro Azulão Jr., pai e filho
Jair Boldonaro e os filhos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro