Crescimento do neonazismo no Brasil preocupa CNDH e ONU

10 abril 2024 às 09h09

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O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) apresentou à Organização das Nações Unidas (ONU) um relatório sobre o aumento de grupos neonazistas no Brasil. Segundo o documento preliminar, entregue no último sábado, 6, há dados considerados alarmantes sobre o cenário dos últimos anos.
Segundo a pesquisa da antropóloga Adriana Dias, as células de grupos neonazistas cresceram impressionantes 270,6% no Brasil entre janeiro de 2019 e maio de 2021. Elas também se espalharam por todas as regiões do país.
O fenômeno é atribuído à disseminação de discursos de ódio e narrativas extremistas, sem punição adequada, facilitando sua propagação. O relatório aponta que, no início de 2022, havia mais de 530 núcleos extremistas no país, cujos participantes compartilham ódio contra feministas, judeus, negros e a comunidade LGBTQIAP+.
Outro levantamento citado é o da agência Fiquem Sabendo, que revela que de janeiro de 2019 a novembro de 2020, foram abertos 159 inquéritos pela Polícia Federal por apologia ao nazismo. Este número supera o total de 143 investigações abertas ao longo de 15 anos, entre 2003 e 2018.
O relatório do CNDH também destaca que, em 2021, a Central Nacional de Crimes Cibernéticos recebeu e processou 14.476 denúncias anônimas. O canal é mantido pela organização não governamental SaferNet com apoio do Ministério Público Federal (MPF). Além disso, menciona o levantamento do Observatório Judaico sobre eventos antissemitas e correlatos no Brasil entre 2019 e 2022.
O documento ainda cita casos concretos em que foram apreendidos artefatos nazistas, como fardas, armas e bandeiras, além de artigos decorativos com imagens e símbolos do nazismo. O CNDH também chama atenção para o aumento dos ataques em escolas.
O relatório do CNDH será discutido na 55ª Reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, prevista para ocorrer em Genebra, Suíça. O evento está marcado entre o final de junho e o início de julho.