Perda de habitat: cresce número de animais silvestres resgatados em Goiás
05 março 2024 às 12h17
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O desmatamento e as consequentes mudanças climáticas, provocadas, principalmente pela ação humana, têm feito com que o número de animais resgatados em zonas habitadas aumente ano após ano. Em Goiás, por exemplo, apenas o Corpo de Bombeiros e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), removeram 12,3 mil animais selvagens de áreas povoadas ou de estradas com alto potencial de atropelamento em 2023.
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Apenas os bombeiros resgataram 11,8 mil animais, enquanto que a PRF chegou a exatos 540 no decorrer do ano passado. O número é 8,4% maior do que o contabilizado em 2022.
O cenário em 2024 não é diferente. Em dois meses (janeiro e fevereiro), a corporação militar já contabiliza 2.182 resgates de animais silvestres e insetos, como abelhas e marimbondos. O número, se destrinchado, equivale a mais de um por hora.
Na última semana, por exemplo, uma serpente da espécie jararaca foi encontrada dentro de um abrigo de idosos em Águas Lindas de Goiás, no entorno do Distrito Federal. O réptil foi solto pelos bombeiros sem ferimentos em uma área de reserva ambiental da cidade.
A jararaca é considerada umas das espécies de cobras mais peçonhentas entre as existentes no Brasil. A picada dela pode causar necrose na região afetada e até mesmo a amputação da área mordida. A serpente é responsável por cerca de 90% do total de acidentes envolvendo humanos e cobras no país.
Queimadas aumentam atividade animal
Se aproximando, o período de estiagem deve aumentar a atividade animal em áreas urbanas. Buscando por água, alimento e até fugindo de queimadas, os bichos vêem nas rodovias e zonas habitadas um refúgio e também uma forma de se aquecer do frio. Tamanduás, tatus, primatas e cobras são os principais “visitantes”.
Segundo o inspetor da PRF, Newton Moraes, os motoristas devem redobrar a atenção para evitar acidentes, principalmente com animais de grande porte. Apenas neste ano, cinco antas foram atropeladas nas rodovias federais que cortam o estado. As carcaças dos bichos que não sobrevivem ao impacto, inclusive, aumentam ainda mais o risco de acidentes por atraírem animais carnívoros, como onças.
“É preciso diminuir a velocidade onde há placas que indicam atividade animal e, sempre que possível, evitar viajar à noite. Essa, geralmente, é a hora que esses animais estão ativos”, explicou.
O inspetor afirma ainda que o motorista deve evitar socorrer o animal por conta própria. O certo, segundo ele, é acionar o Corpo de Bombeiros ou pedir ajuda à PRF, que possuem técnicas seguras para controlar os animais.
“A pessoa pode acabar sendo ferida pela animal. O recomendado é acionar o salvamento para que o animal seja encaminhado ao tratamento ou solto no habitat natural”, concluiu.
Obrigação
No ano passado, entrou em vigor no Estado de Goiás a lei que prevê a obrigatoriedade de motoristas e passageiros prestarem socorro aos animais atropelados. A norma tem o objetivo de reduzir o número de atropelamentos de animais ao redor do estado e aumentar as chances de sobrevivência caso eles aconteçam.
A lei alterou o Código de Bem-Estar Animal e inclui como maus-tratos, abuso ou crueldade praticados contra animais: “deixar de prestar imediato socorro ao animal atropelado ou, não podendo fazê-lo diretamente, sem justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública”.