Tocantins de África!
23 setembro 2022 às 20h13
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Por Abílio Wolney Aires Neto para o Jornal Opção
Em Histórias de Escravidão, a voz canora do historiador e Prof. Watilla Misla recita as memórias da escravatura no setentrião goiano-tocantinense no portal do Sécuo XXI:
Homens e mulheres
Em África
Eram livres
Em seu torrão.
Ajóiò, Ajóiò
Agricultores,
Semeadores,
Do comércio ambulante
À mineração.[1]
No século em que viveu, o Poeta da Liberdade[2] havia denunciado:
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis…
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus …
… Adeus, ó choça do monte,
… Adeus, palmeiras da fonte!…
… Adeus, amores… adeus!…
Depois, o areal extenso…
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos… desertos só…
As capturas na África sucederam à chegada das caravelas de Cabral à baía de Porto Seguro em 1.500.
Por pelo menos 300 anos foram os negros de Angola e da Guiné que construíram as bases estruturais da pátria de Santa Cruz e de Vera Cruz, a terra do pau Brasil, vermelho como as odisseias na dominação.
No poema de Olavo Bilac, nós, os brasileiros despetalamos nessa “flor amorosa de três raças tristes”, pois somos os filhos dos negros, dos índios e dos portugueses exilados, que de ultra tumba diria Humberto de Campos[3]: os primeiros eram os bem aventurados pela humildade e aflição do trabalho forçado, enquanto os segundos constituíram a alocução dos pobres pelo espírito para os últimos, os desterrados políticos, serem os que tinha fome e sede de justiça.
Goethe nos ensinava a fazer um poema sobre a nossa dor, quando sob a canga das amarguras e foi assim que Bilac entoou em sua ode ‘Música Brasileira’:
Tens, às vezes, o fogo soberano
Do amor: encerras na cadência, acesa
Em requebros e encantos de impureza,
Todo o feitiço do pecado humano.
Mas, sobre essa volúpia, erra a tristeza
Dos desertos, das matas e do oceano:
Bárbara poracé, banzo africano,
E soluços de trova portuguesa.
És samba e jongo, xiba e fado, cujos
Acordes são desejos e orfandades
De selvagens, cativos e marujos:
E em nostalgias e paixões consistes,
Lasciva dor, beijo de três saudades,
Flor amorosa de três raças tristes.[4]
E vai “ela linda e cheia de graça” no requebro da mulher brasiliana, nos quadris mais lindos em silhuetas formosas de negritudes sem fim, com os lábios carnudos de feminina amada ou no repontar dos seios pulcros em bustos juvenis.
Mas foi preciso que as leis e a Constituição da República tipificassem condutas de reconhecimento e imponente respeito para conosco mesmos, os pardos, cafres, mistos de toda ordem, aformoseados dessa miscigenação singular, que nos permite o espectro de todas as raças na maviosa diversidade fundida em um só biotipo.
Quando o autor canta que
Havia por certo cativos,
Vencidos em guerras,
Por montanhas e serras,
À escravidão.
Mas tudo tomou outro rumo,
Quando navios a prumo,
Fincaram âncoras
Na vastidão.
[…] As Mulheres,
Em hortas e campos
Eram vendeiras
Destacadas.
Os homens,
Valentes guerreiros,
Artistas, oleiros,
Da terra seca à invernada.
Rima com Castro Alves:
Tinir de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais …
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
E voam mais e mais…
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar…[5]
E ninguém ouviu esse soluçar de dor no canto do Brasil, como declama Clara Nunes em o “Canto das Três Raças”:
Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor[6]
O autor desta obra lembra que
Portugueses,
Ingleses,
Franceses,
Ergueram feitorias.
Se aliando a antigos reinos,
Por ambições e devaneios,
Trocando por homens
Tabaco e quinquilharias.
Intercala-se nesse fulgor das rimas o lirismo épico do “apóstolo andante do condoreirismo”:
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu …
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! …[7]
Para Watila,
[…] Em navios por sempre escuros,
Fétidos e apertados,
Davam adeus à sua terra,
Tendo seus destinos sequestrados.
[…] Apelidados de negreiros,
Traficantes,
Navios tumbeiros,
Muitos não chegavam
Ao fim da linha
Por moléstias dias inteiros.
Eram benguelas,
Minas e cabindas,
Nagôs, moçambiques, iorubás,
Angolas, congos e mandingas,
Jejes, fulas e hauçás.
[…] Assim que desembarcavam
Eram dirigidos aos mercados,
Ainda restam testemunhos
Como o da Ribeira em Olinda,
Donde foram amontoados
Em Salvador – em porões assombrosos,
Valongo – que triste marejado.
[…] Tratados como escravos,
Como peças, sem passado,
Brisas do mar
Erguiam franjas,
Nas gargantas
Um grito mudo,
Muito agudo
E entalado.
Interpola-se na mesma retórica do poeta dos escravos, pois era:
[…] o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar…
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar…
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder…
Hoje… cúm’lo de maldade,
Nem são livres p’ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute… Irrisão!…
Do demolido Morro do Castelo no Rio, se podia ver a baía da Guanabara tão bela na perspectiva.
Na rua da Independência, alguém pronuncia o poema O Século[8], lavrado em Pernambuco num dia de 1865 para indicar “o trilho que Colombo abriu na vaga como um íris no pélago profundo”, pois “foi infâmia demais” até que o País abrisse os braços a todos os contingentes da pátria nova, ainda castigada pela idiotia ancestral de ignóbeis preceitos raciais, quando a raça somos nós próprios metidos num mesmo amálgama, vestindo um mesmo corpo, que por final não passará de um andrajo das nossas almas na viatura física.
O séc’lo é grande… No espaço
Há um drama de treva e luz.
Como o Cristo — a liberdade
Sangra no poste da cruz.
Um corvo escuro, anegrado,
Obumbra o manto azulado,
Das asas d’águia dos céus…
Arquejam peitos e frontes…
Nos lábios dos horizontes
Há um riso de luz… É Deus.
[…]
Luz!… sim; que a criança é uma ave,
Cujo porvir tendes vós;
No sol — é uma águia arrojada,
Na sombra — um mocho feroz.
Libertai tribunas, prelos…
São fracos, mesquinhos elos…
Não calqueis o povo-rei!
Que este mar d’almas e peitos,
Com as vagas de seus direitos,
Virá partir-vos a lei.
Quebre-se o cetro do Papa.
Faça-se dele — uma cruz!
A púrpura sirva ao povo
P’ra cobrir os ombros nus.
Que aos gritos do Niagara
— Sem escravos, — Guanabara
Se eleve ao fulgor dos sóis!
Banhem-se em luz os prostíbulos,
E das lascas dos patíbulos
Erga-se a estátua aos heróis!
Basta!… Eu sei que a mocidade
É o Moisés no Sinai;
Das mãos do Eterno recebe
As tábuas da lei! — Marchai!
Quem cai na luta com glória,
Tomba nos braços da História,
No coração do Brasil!
Moços, do topo dos andes,
Pirâmides vastas, grandes,
Vos contemplam séc’los mil![9]
Watila Misla fala de como era a vida nos engenhos de Açúcar:
Separados da família,
De mãe África, e de seu povo,
Os senhores logo lhes compravam,
Melhor investimento novo.
Nos engenhos de açúcar vistosos,
De Pernambuco, Alagoas, Bahia,
Plantavam,
Cortavam,
Calderavam,
Numa dolorosa sofrida valentia.
[…] E criando pães-de-açúcar
No período colonial,
Enriqueciam também a metrópole,
A nobreza de Portugal.
Levando até os portos,
Em sacos para os europeus,
Açúcar branco e manchado,
Doces lágrimas então de sal.
E nos cafezais e nas culturas:
Nos campos muito férteis,
Do Rio de Janeiro,
Minas Gerais,
Semeavam o ouro verde
Nos extensos e ditosos cafezais.
Descendo dos tumbeiros,
Ou vindos de fazendas
E minas de ouro,
Foram eles que ergueram potentados
Embarcados como maior tesouro.
[…]
Limpando,
Colhendo,
Plantando,
Ensacando…
Batendo grãos amadurecidos
Com vara
Ou moídos em pilões,
O café era levado
Em costas nuas ou mulas,
Em meio a suores
E canções.
[…] Envolvidos na monocultura
Da cana, café, algodão,
Havia também os domésticos
Para corte de lenha e fogão.
Entre casa-grande e senzala
Dos tempos da escravidão,
Eram amas de leite,
Cozinheiras,
Dos tempos secos e trovão.
[…] Haviam os escravos de ganho,
Que saíam à rua bem cedo
Vendendo galinhas de Angola,
Doces, leite, bananas,
Sussurrando motins e segredos.
Mercadejando em seus tabuleiros,
Transportando cargas, sinhás,
Ficavam com uma parte dos lucros,
A outra entregue ao Tonhá.
Assim é a criatura humana: No polo do patrão, às vezes se enriquece à custa do suor alheio e se esquece que é depositário, mero usufrutuário dos bens que angariou. Depois de rico, uma vida nababesca onde se engorda, cresce, morre e deixa tudo do que que angariou, em regra para a herança de filhos esbanjadores e netos nobres, pois da vida só se levam “os conhecimentos, a qualidades morais e a inteligência”[10]. Dá-se conta, aí, que não era proprietário de nada, pois o espólio o abandonou a caminho do ataúde, que amortalha o corpo. Aliás, nem o corpo nos pertence no final das contas.
Façamos coro com André Luiz:
Uma existência é um ato.
Um corpo – uma veste.
Um século – um dia.
Um serviço – uma experiência.
Um triunfo – uma aquisição.
Uma morte – um sopro renovador.
E o letrado em filosofia religiosa fala de deliberações finais e posições definitivas![11]
O “talento vulcânico” em Antônio Frederico de Castro Alves, o mais arrebatado de todos os poetas brasileiros” deverá seguir em recital como “a sinfonia inacabada de uma partitura infinita”[12] harmonizada com a poesia livre da Semana de Arte Moderna de 1922 em todos os teatros em São Paulo, no Rio, em Goiás e em todo lugar.
O autor der Tocantins de África abre mais uma página para as Entradas e Bandeiras rumo aos poentes centralinos:
Era fim dos seiscentos,
Quando grupos e Bandeiras,
Desceram de São Paulo
Numa sede aventureira.
Eram paulistas, mamelucos,
Indígenas escravizados,
Abrindo picadas pela mata,
Cortando o sertão cerrado.
Encontrando ouro em minas,
Em meio a tribos dizimadas,
Nativos expulsos de suas terras,
Preço alto das Entradas.
Ouro Preto, Mariana,
Sabará, Diamantina,
Ia o quinto para a Metrópole,
E o cativo para a rotina.
Lavra a respeito dos escravizados nas minas.
É consenso entre todos,
Que o escravo na mineração,
Africano ou crioulo,
Tinha dura condição,
Na faiscagem de morro,
De cascalho e aluvião.
Acordava bem cedinho
Para o riacho ou para a lagoa,
Treze horas de labuta,
Para a riqueza da Coroa.
Nas minas valiam ouro,
Com as bateias sempre às mãos,
Bateando seus destinos,
No sonho da coartação.
Resistindo como podiam,
Dissimulados ou em rebelião,
Quantas vezes seu gritos velados,
Foram trilhas para a libertação.
A obra do Prof. Watila Misla grande apoteose no ponto alto dasdescobertas de Goiás, em 1722:
Depois de Minas Gerais,
Bandeiras rumam a Goiás,
Comandados por Bartolomeu Bueno,
Ambicioso e sagaz,
Descobrindo ouro
No rio Vermelho,
Expulsando povos naturais.
Desse modo
O Anhanguera,
Buscando riqueza mineral,
Enganando os nativos,
De maneira genial,
Ateou fogo
Junto ao álcool,
A labareda era fatal,
E assim ficou conhecido
“Diabo Velho”
Do tempo colonial.
À beira do Manoel Alves
Ergueram sua moradia,
De pau a pique –
Sua engenharia,
Taipa e adobe,
Por valentia.
Foram vaqueiros
De coroneis derradeiros,
E lavradores
De santos valores,
São artesãos
E carpinteiros,
Secretas meizinhas
E raizeiros.
Mas antes de nos calar, fechemos esta página articulando com Vozes da África:
Ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes Embuçado nos céus? Há dois mil anos te mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito… Onde estás, Senhor Deus?… Qual Prometeu tu me amarraste um dia Do deserto na rubra penedia — Infinito: galé! … Por abutre — me deste o sol candente, E a terra de Suez — foi a corrente Que me ligaste ao pé… O cavalo estafado do Beduíno Sob a vergasta tomba ressupino E morre no areal. Minha garupa sangra, a dor poreja, Quando o chicote do simoun dardeja O teu braço eternal. Minhas irmãs são belas, são ditosas… Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas Dos haréns do Sultão. Ou no dorso dos brancos elefantes Embala-se coberta de brilhantes Nas plagas do Hindustão. Por tenda tem os cimos do Himalaia… Ganges amoroso beija a praia Coberta de corais … A brisa de Misora o céu inflama; E ela dorme nos templos do Deus Brama, — Pagodes colossais… A Europa é sempre Europa, a gloriosa! … A mulher deslumbrante e caprichosa, Rainha e cortesã. Artista — corta o mármor de Carrara; Poetisa — tange os hinos de Ferrara, No glorioso afã! … Sempre a láurea lhe cabe no litígio… Ora uma c’roa, ora o barrete frígio Enflora-lhe a cerviz. Universo após ela — doudo amante Segue cativo o passo delirante Da grande meretriz. ……………………………… Mas eu, Senhor!… Eu triste abandonada Em meio das areias esgarrada, Perdida marcho em vão! Se choro… bebe o pranto a areia ardente; talvez… p’ra que meu pranto, ó Deus clemente! Não descubras no chão… E nem tenho uma sombra de floresta… Para cobrir-me nem um templo resta No solo abrasador…
Quando subo às Pirâmides do Egito Embalde aos quatro céus chorando grito: “Abriga-me, Senhor!…” Como o profeta em cinza a fronte envolve, Velo a cabeça no areal que volve O siroco feroz… Quando eu passo no Saara amortalhada…
Ai! dizem: “Lá vai África embuçada No seu branco albornoz. . . ” Nem vêem que o deserto é meu sudário, Que o silêncio campeia solitário Por sobre o peito meu. Lá no solo onde o cardo apenas medra Boceja a Esfinge colossal de pedra Fitando o morno céu.
De Tebas nas colunas derrocadas As cegonhas espiam debruçadas O horizonte sem fim … Onde branqueia a caravana errante, E o camelo monótono, arquejante Que desce de Efraim ………………………………… Não basta inda de dor, ó Deus terrível?! É, pois, teu peito eterno, inexaurível De vingança e rancor?… E que é que fiz, Senhor? que torvo crime Eu cometi jamais que assim me oprime Teu gládio vingador?! …………………………………. Foi depois do dilúvio… um viadante, Negro, sombrio, pálido, arquejante, Descia do Arará… E eu disse ao peregrino fulminado: “Cam! … serás meu esposo bem-amado… — Serei tua Eloá. . . “
Desde este dia o vento da desgraça Por meus cabelos ululando passa O anátema cruel. As tribos erram do areal nas vagas, E o nômade faminto corta as plagas No rápido corcel. Vi a ciência desertar do Egito…
Vi meu povo seguir — Judeu maldito — Trilho de perdição. Depois vi minha prole desgraçada Pelas garras d’Europa — arrebatada — Amestrado falcão! …
Cristo! embalde morreste sobre um monte Teu sangue não lavou de minha fronte A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso, Meus filhos — alimária do universo, Eu — pasto universal…
Hoje em meu sangue a América se nutre Condor que transformara-se em abutre, Ave da escravidão, Ela juntou-se às mais… irmã traidora
Qual de José os vis irmãos outrora Venderam seu irmão.
Basta, Senhor! De teu potente braço Role através dos astros e do espaço Perdão p’ra os crimes meus!
Há dois mil anos eu soluço um grito… escuta o brado meu lá no infinito, Meu Deus! Senhor, meu Deus!!… São Paulo, 11 de junho de 1868.[13]
Desenho: Palavras africanas
[1] Tocantins de África, Kelps, 2021, Watila Misla Fernandes.
[2] Navio Negreiro, Castro Alves.
[3] Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, Chico Xavier.
[4] Publicado no livro Tarde (1919).
In: BILAC, Olavo. Poesias. Posfácio R. Magalhães Júnior. Rio de Janeiro: Ediouro, 197. Sem Editor Autor
[5] Tragédia no Mar, Castro Alves.
[6] Composição: Mauro Duarte/Paulo César Pinheiro.
[7] Navio Negreiro, Castro Alves.
[8] O Século, Castro Alves.
[9] Publicado no livro A cachoeira de Paulo Afonso: poema original brasileiro (1876). In: ALVES, Castro. Obra completa. Org. e notas Eugênio Gomes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 198.
[10] ESE, Ed FEB.
[11] Nosso Lar, André Luiz, Chico Xavier.
[12] Divaldo Franco, palestra.
[13] Vozes da África, Castro Alves.
Abílio Wolney Aires Neto é escritor, juiz de direito e professor