Existe aparente consenso quanto à caracterização de que, no Brasil, a política local é predominantemente clientelista. Pensando que os municípios têm papel e recursos cada vez maiores, tende-se a reduzir, em vez de aumentar, a eficiência e a eficácia na execução das políticas públicas. É o que vemos, por exemplo, em Goiânia. Nesse cenário, por que nenhum vereador (tirando a Aava Santiago que é oposição) se cacifou para ter seu nome na discussão para prefeitura? O legislativo empobreceu e não tem mais nomes que os goianienses reconheçam como lideranças? Esse vácuo para 2024 é reflexo de uma Câmara Municipal distante do eleitor?

Uma explicação possível é que os parlamentares profissionais preferem continuar garantindo seus empregos e cargos em detrimento da busca pela melhoria da cidade e da vida dos cidadãos. Ou, talvez, porque a ausência de representatividade é tamanha que eles sabem que o eleitor em uma categoria mais universal simplesmente não se identifica com eles, que estão cada vez mais classistas.

Fato é que para ganhar visibilidade e abrangência, os vereadores precisam perceber que aqueles que elegem o chefe do executivo não se importam com o jogo pequeno palaciano de quem é indicação de quem, quem é o secretário x ou y. Aliás, a maioria sequer sabe o nome desses fulanos. Ao cidadão interessa uma cidade com lixo recolhido, ruas sem buracos, praças para lazer, creches para seus filhos…

Onde o clientelismo tem força, a competição tende a ser menor entre situação e oposição. É evidente que as promessas de entrega de benefícios por parte dos candidatos opositores são menos críveis que as dos ocupantes dos cargos.

Por outro lado, os candidatos que precisam conquistar votos adicionais entre eleitores de classe média que, por pressuposto, são mais propensos a demandar políticas universalistas, precisam se distanciar das práticas clientelistas.

O eleitor não quer saber de picuinhas palacianas, para ele o que importa é a prestação de serviços. Enquanto se discute cargos, e meramente cargos, os vereadores se apequenam na verdadeira política, esquecendo que foram eleitos para cobrar a execução das políticas públicas e legislar pelo bem da cidade e, não apenas, para seu feudo.