Na última terça-feira, 25, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), se apresentou como interessado na corrida presidencial de 2026. Em café da manhã com jornalistas, ele admitiu a possibilidade de sair como vice na chapa de outro candidato de direita. Segundo o jornal mineiro O Tempo, o governador declarou: “Não ligo de ser vice, o que eu quero é participar.” 

Entre os nomes com que Zema toparia uma composição estariam nomes como Ronaldo Caiado (União Brasil), e Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo. Ao Jornal Opção, durante evento realizado em Goiânia, líderes do partido Novo admitiram o interesse de articular composição entre Zema e o governador de Goiás. 

Em entrevista ao Jornal Opção, Delegado Waldir (UB) afirmou: “Tarcísio de Freitas (Republicanos) não vai abandonar uma reeleição garantida ao governo de São Paulo, onde ele tem 30% do PIB nacional e onde faz uma gestão espetacular. Tarcísio é um cara muito inteligente, o conheci e ficamos amigos quando eu era deputado e ele ministro. O considero um cara muito ‘pé no chão’; ele é pragmático, não será candidato.”

Para 2026, quais outros nomes a direita pode lançar? Delegado Waldir conclui: “Alguém precisa receber a bênção do presidente Bolsonaro, e qual nome melhor que Caiado? Ele foi o primeiro defensor da direita no Brasil, ajudou a criar a UDR, foi candidato à presidência que enfrentou o Lula (PT) em 1989. No parlamento, é o melhor debatedor, tem experiência no legislativo e no executivo, está preparado para ser presidente.”

Existem outros nomes da direita, como Michelle Bolsonaro (PL) e Ratinho Júnior (PSD). Nada impede que estes se lancem pré-candidatos à Presidência agora, mas, para eles, efetivar a candidatura à Presidência da República está mais distante do que para Ronaldo Caiado, que entrou no jogo cedo, no início de seu segundo mandato. 

Se quiser lançar Ratinho Júnior, o PSD ainda terá de enfrentar um processo que o União Brasil já atravessou quando elegeu Antonio Rueda como presidente nacional. Isto é: resolver a dicotomia entre integrar o governo federal e pretender lançar um candidato adversário. Como o UB, o PSD tem três ministérios, mas, diferentemente do União Brasil, o Partido Social Democrático possui membros próximos da esquerda em determinados estados, como o governador sergipano Fábio Mitidieri.

Quanto a Michelle Bolsonaro, o governador do DF Ibaneis Rocha (MDB) fala abertamente sobre a possibilidade de sair candidato ao Senado em 2026 ao lado da ex-primeira-dama. Nos bastidores se diz ainda que Michelle enfrentaria resistência do marido ex-presidente, que consideraria mais importante garantir aliados no Legislativo do que arriscar no Executivo.

Quanto à admissão do interesse de ser vice, o movimento geralmente é o contrário — atirar no alto para acertar o alvo. Políticos que aspiram integrar o governo de um concorrente mais competitivo costumam manter suas próprias pré-candidaturas até o último instante, para valorizar o próprio passe. Quanto mais convincentes forem suas promessas de que realmente vão concorrer e roubar votos dos adversários, maior será a recompensa para aquele que conseguir atraí-lo para a vice.

A situação pode ser observada neste ano em Goiânia, na pré-campanha para as eleições municipais. Após a desistência de Gustavo Gayer, o PL não abandonou a disputa, mas lançou o então vice e agora pré-candidato a prefeito Fred Rodrigues. Em meio a dúvidas quanto às condições legais de Fred Rodrigues ser eleito, o Partido Liberal articula composições nos bastidores. Nomes como Vitor Hugo (PL) são considerados excelentes vices por representantes do União Brasil de Sandro Mabel. Para o PL, até que a articulação se confirme (caso se confirme), é fundamental manter uma candidatura própria e forte como promessa de apoio que pode virar o jogo. 

Se Romeu Zema admite desde já a possibilidade de ser vice de Ronaldo Caiado, e se Tarcísio de Freitas realmente não pretende disputar, a única explicação é que as conversas sobre composição da chapa estão iniciadas. Se Zema não soubesse seu futuro político, provavelmente tentaria valorizar seu passe, se colocando como possível competidor para atrair convites para uma articulação.