Resultado da eleição presidencial mexe com articulações para disputa em 2024
20 novembro 2022 às 00h00
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A disputa pelas eleições municipais de 2024 já é pauta na política. Tão logo se findou a contagem das urnas, os olhos de voltaram para a sucessão nas prefeituras. O momento é de análise sobre como o cenário regional e nacional pode influenciar no processo.
Estrategicamente os líderes locais já começaram a se organizar com vistas as eleições municipais. Boa parte deles faz agora uma análise do potencial político próprio e de seu grupo. Como foram votados os candidatos apoiados pelos prefeitos que querem se reeleger ou eleger um aliado? Essa é uma questão que ainda é analisada. O sucesso nas urnas de um deputado estadual, federal, governador e presidente apoiado por um nome que deseja se lançar em 2024 é um bom termômetro.
Dentro desse contexto, ainda é preciso avaliar que tipo de campanha foi melhor recebida pelo eleitor neste ano. Totalmente atípica, a eleição movida pela rejeição aos candidatos que marcaram a polarização na disputa presidencial pode resultar no maior afastamento do eleitor do processo eleitoral. Embora se observe grupos aguerridos em redes sociais defendendo seus candidatos, ou mesmo participando de manifestos nas ruas, não se vê um engajamento da política propriamente dita, é mais uma etapa do “nós contra eles”.
Nas eleições municipais de 2020 ficou claro que a polarização em âmbito nacional não se reflete tanto nas disputais locais. Daqui a dois anos a situação será bem parecida. Mesmo havendo alinhamento partidário e de pautas, o eleitor busca respostas por outras demandas em sua escolha para prefeito. Ou seja, as eleições de 2024, não serão extensão das realizadas neste ano.
Mas isso não quer dizer que o próximo pleito municipal está totalmente dissociado com os resultados que as urnas nos deram há 20 dias. Voltando ao período da pré-campanha, já se observava um engajamento atípico de prefeitos e grupos locais na campanha presidencial e estadual. Eles realmente vestiram a camisa de seus candidatos e levaram para suas cidades a polarização nacional.
Teve declarações de voto emitidas por prefeitos por meio de publicações em redes sociais, entrevistas à imprensa ou em eventos públicos, como comícios de candidatos à Presidência da República. Estes, de alguma forma, buscou se aproximar de uma parcela do eleitorado que, por estratégia ou ideologia, pode ajudar nas próximas eleições.
Os eleitores não foram convocados neste ano a escolher prefeitos, mas eles foram atraídos a entrar de cabeça na campanha. A importância de prefeitos na corrida presidencial foi acentuada. Tanto o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o atual, Jair Bolsonaro (PL), ampliaram o assédio sobre as máquinas municipais. No segundo turno das eleições, ao menos no papel, o atual chefe do Executivo leva vantagem: seu partido, o PL conquistou 345 prefeituras em 2020, quase o dobro das 183 alcançadas pelo PT.
Com Bolsonaro na Presidência, outras legendas que orbitam na base federal ampliaram sua influência. O PP, por exemplo, conquistou 685 cidades em 2020 – alta de 40% em relação às eleições de 2016. O Republicanos, partido do candidato ao governo paulista Tarcísio de Freitas, saiu-se vitorioso em 211 municípios e o PTB, do ex-deputado Roberto Jefferson, venceu em 212.
Já do lado adversário, o PT enfrentou mais dificuldades para levar seu discurso para ponta. Além de não comandar nenhuma capital, o partido perdeu capilaridade nos últimos anos – em 2016, apesar do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o resultado foi melhor: 256 prefeitos eleitos.
Esses números revelam de forma notável que, de olho nas eleições municipais, prefeitos e pré-candidatos a prefeitos tiveram como prioridade se colocar ao lado do candidato a presidente. E no pós-eleição, aqueles que estiveram ao lado de Lula esperam ter mais vantagem na parceria administrativa junto a União.
Mas, mesmo aqueles políticos que nem cogitavam se colocar na disputa de 2024, agora ganham um incentivo. Podemos citar como exemplo a deputada federal eleita, Adriana Accorsi, que passou a ser um dos principais players para disputa da Prefeitura de Goiânia, sendo também cotada para assumir um ministério ou função no governo federal.
O deputado estadual petista Antônio Gomide, prefeito de Anápolis por dois mandatos enquanto o PT também governava o país, perdeu as eleições municipais em 2020. Agora, com a volta de Lula ao Palácio do Planalto, ganha animo para uma nova tentativa de conquistar a gestão municipal da cidade – a segunda maior economia do Estado.
Por outro lado, ou seja, pelo lado do Bolsonaro, se fala que para manter seu nome como liderança do eleitorado da extrema-direita e uma opção para a direita, ele busque, a partir de 2023, fazer articulações pelas eleições locais. Pela primeira vez, em 34 anos, Bolsonaro estará sem mandato. Assim, ele planeja andar o país, porque sabe que é o maior líder de direita que este país já teve.
A estratégia anunciada pelos aliados de Bolsonaro é de que ele não vai dar vida fácil para seu sucessor no Palácio do Planalto. A intenção do PL é de que e reforce candidaturas de prefeitos, aproveitando o seu capital político. Ou seja, aqueles que também se colocam como oposição a Lula, podem ter um reforço na campanha municipal. Volto a citar o exemplo de Goiânia, que poderá ter como candidato apoiado por Bolsonaro o senador Vanderlan Cardoso.