Senador eleito faz o primeiro movimento no seu projeto de ser candidato ao governo em 2018

(Foto: Fernando Leite/Jornal Opção)
(Foto: Fernando Leite/Jornal Opção)

Já virou um bordão, um clichê, dizer que uma campanha eleitoral começa assim que a anterior termina. Pois bem, a campanha pela Prefeitura de Goiânia já começou. Pelo menos já há um candidato lançado. Sem o menor constrangimento, o deputado federal e agora senador eleito Ronaldo Caiado (DEM) deu o pontapé inicial no jogo. E o fez em grande estilo, pode-se dizer, lançando uma “novidade”. Ele defende que Iris Rezende (PMDB) dispute a Prefeitura de Goiânia em 2016.

Dessa forma, Ronaldo Caiado já antecipa o apoio do DEM no sentido de repetir a aliança com o PMDB na eleição deste ano. “Estamos juntos. A eleição e a coligação para o governo estadual estão encerradas, mas dessa nossa união com militantes e lideranças nasceu uma grande aliança que veio para ficar. Já trabalhamos para viabilizar um nome do PMDB a prefeito de Goiânia. O nome que apoio 100% é o de Iris”, disse Caiado ao “Popular”, na semana passada.

 
O senador eleito esgrime os bons números que Iris obteve no segundo turno da eleição ao governo na capital, lembrando que o peemedebista bateu o tucano Marconi Perillo por dez pontos de vantagem. Iris teve 54,98% dos votos em Goiânia, contra 45,02% de Marconi, uma vantagem de exatos 67.357 votos. “De minha parte, ele (Iris) só não será candidato se não quiser”, afirmou o democrata.

E o que se pode inferir dessa jogada de Caiado? Há espaço para especulações. Ele teria descoberto meio tardiamente que o decano peemedebista é um político tão genial assim? Nada disso. Caiado apenas turbinou seu pragmatismo. O líder ruralista está em plena campanha ao governo em 2018, quando estará numa posição muito cômoda para disputar, com mais quatro anos de Senado caso seja derrotado. E o lançamento de Iris Rezende é apenas e tão somente o primeiro lance no jogo caiadista.

Caiado sabe que seu DEM é pouco partido para a muita disputa de 2018. Mas com o PMDB aliado a coisa muda de figura. E se o PMDB estiver unido sob o comando irista, como sempre esteve no passado, melhor ainda. O problema para Caiado é que a liderança de Iris no PMDB começou a ser questionada justamente no calor da disputa na pré-campanha com Júnior Friboi. Ronaldo Caiado está apostando que Iris dará a volta por cima, mesmo porque a maior credencial que um político tem é o voto. E Iris, mesmo derrotado três vezes por Marconi, tem votos.

Se Iris vencer a disputa pela Prefeitura de Goiânia, mais do que nunca a aliança PMDB-DEM continuará valendo para 2018. E a possibilidade de Iris Rezende vencer é real, por mais que repisem que o peemedebista não deixa seu partido renovar, não deixa surgirem novos nomes, etc. A nítida impressão é que, à beira dos 81 anos, o decano político se colocou acima dessas críticas e não está nem aí pra isso. E Iris na prefeitura, Caiado teria o apoio da mais forte máquina municipal para enfrentar o candidato da base aliada marconista.

Quando elogia e lança o líder peemedebista candidato a prefeito de Goiânia numa campanha que só vai começar daqui a um ano e meio, Caiado está de certa forma “vacinando” a possibilidade de o PMDB voltar a se aliar ao PT. O ruralista já coloca o DEM na jogada antecipadamente, demarcando território. E não resta dúvida de que há um ambiente não propriamente favorável ao PT nas hostes peemedebistas. O voo-solo petista com Antônio Gomide ao governo, quebrando a aliança PMDB-PT que deu de “graça” a Prefeitura de Goiânia para Paulo Garcia, causou feridas.

Além disso, como a história tem demonstrado, Iris Rezende não resiste a um afago, principalmente se tem uma urna à vista. Ronaldo Caiado está alimentando o ego de Iris, na pressuposição de que assim garante uma aliança assaz interessante para daqui a quatro anos. No momento é uma aposta com possibilidades reais de sucesso.

Jogada bem bolada do senador eleito, não resta dúvida. O problema é que falta muito tempo e muita coisa pode acontecer. Até mesmo o DEM se fundir com outra sigla e embaralhar o castelo de cartas que o ruralista está montando. Mas, nesse caso, o que impediria uma filiação dele ao PMDB?

Ronaldo Caiado, pragmático até a medula, começou o jogo. Agora o lance está com os adversários.

O pior da história?

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Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Como ocorreu no ano passado, o prefeito Paulo Garcia sofre as consequência da falta de planejamento, de transparência e da sede excessiva de ir ao pote da arrecadação com o IPTU-ITU. O vaievém na apresentação da Planta de Valores, a tremenda dificuldade de explicar de quanto seria o aumento que o contribuinte teria de arcar, depois o aumento linear absurdo determinado, mostram desarticulação da equipe do prefeito e de sua base de sustentação na Câmara de Vereadores.

Os problemas da administração de Paulo Garcia já enchem um extenso rol, encabeçado pela dívida milionária (ou bilionária?) da prefeitura. Não sai das memórias as imagens de lixo nas ruas (o que persiste em muitos locais da cidade, porque a coleta dos detritos não foi normalizada). Os escândalos de salários milionários na Comurg — e diga-se que mesmo vacilante no primeiro momento, o prefeito tomou providências que poderia tomar. Obras estranhas como o túnel do Mutirama. Alteração esquisita de Plano Diretor. Auxiliar ficha suja…

Tudo isso e muito mais reflete uma gestão que marca pela inoperância, com uma equipe pouca afeita ao trabalho, e que dá certa razão para que muitos goianienses digam que se trata do pior prefeito da história de Goiânia.

Paulo pode até não ser ainda o pior prefeito da história da capital, mas passados dois anos de seu mandato — o mandato realmente seu —, está claro que se ele não der uma guinada de 180 graus nos dois anos restantes de sua administração, vai confirmar a prédica e estará definitivamente assentado nesse incômodo trono. l