Já há algumas semanas que Jair Bolsonaro (PL) tem frequentado Goiânia. Aproveitando que está fazendo tratamento em uma clínica odontológica, o ex-presidente também está fazendo política. Na última sexta-feira, 14, aos gritos de “mito”, tirou fotos, abraçou crianças e falou ao público; “eu sou o ex mais amado do Brasil”, disse em cima de um carro de som, ovacionado por seus apoiadores. Bolsonaro foi premiado ainda com a Comenda Gomes de Souza Ramos, em Anápolis.

Bolsonaro afirmou “não estou morto, apenas na UTI” e foi prestigiado pelo governador Ronaldo Caiado (UB), que disse: “Tivemos avanços durante o governo dele no Estado de Goiás, temos um reconhecimento da liderança dele. Até porque ele foi muito bem votado no Estado”. 

Após um conflito com Tarcísio de Freitas (Republicanos) em função do apoio do governador de São Paulo à “95% da proposta” (palavras dele), Bolsonaro tem se aproximado de Caiado. O governador de Goiás rejeitou integralmente a proposta, como Bolsonaro, que pode ter visto na postura uma boa sinalização. 

O estreitamento do ex-presidente com o estado não para por aí. Bolsonaro sugeriu o nome de sua esposa, Michelle, como possível pré-candidata a senadora pelo estado nas eleições de 2026. A composição do PL com o União Brasil passa pela costura da candidatura do senador Wilder Morais (PL).

Durante seus quatro anos na presidência, Bolsonaro deu apenas uma entrevista coletiva em Goiás, em 2019. Já nas duas últimas semanas, falou incansavelmente com a imprensa. Na sexta-feira, 21, diversos veículos jornalísticos foram avisados que o ex-mandatário participaria de um almoço no restaurante Cateretê organizado pelo ex-deputado Vitor Hugo (PL).

Além de Vitor Hugo, seu antigo líder na Câmara, Bolsonaro tem se encontrado com vários políticos, como o médico Osvaldo Fonseca Jr., pré-candidato a prefeito de Rio Verde. Ugton Batista, que pode ser candidato a vereador em Goiânia, também está em contato com Bolsonaro. Naturalmente, Gustavo Gayer (PL), deputado federal e possível candidato a prefeito de Goiânia, está no rol de contemplados.  

Como se percebe, a lista começa a ficar extensa. Bolsonaro chegou no momento em que as articulações para 2024 já estavam se formando, e acomodar o grupo do PL envolve remanejar esforços. Em Goiânia, por exemplo, o governismo terá um candidato: talvez Ana Paula Rezende (MDB) ou Bruno Peixoto (UB), mas dificilmente o explosivo Gustavo Gayer. O ex-presidente apoiaria um nome do governismo em detrimento do fiel Gayer?

Em Anápolis, onde disputa Márcio Corrêa, o pré-candidato do MDB de Daniel Vilela, pode também entrar o pré-candidato de Bolsonaro, Vitor Hugo? Ambos, aliados e amigos, já afirmaram ao Jornal Opção que será ou um ou outro, nada de racha. Até porque uma divisão da direita no município aumentaria muito as chances de Gomide (PT), que vem próximo. Mas, e se Anápolis entrar na composição estadual da aliança PL-UB, quem cede?

Numa conversa com aliados, em Goiânia, o ex-presidente Jair Bolsonaro sugeriu que a ex-primeira-dama pode ser candidata a senadora por Brasília ou por Goiás, em 2026. Em Goiás, Michelle Bolsonaro conta com vários cabos eleitorais, como o senador Wilder Morais (que tende a ser candidato a governador). Outra vaga na disputa já pertence a primeira-dama do estado, Gracinha Caiado. Ambas vão disputar os votos da direita? E como ficará Wilder na disputa com o sucessor de Caiado?

Ainda é longe para especular sobre 2026, mas o que já está evidente é que a conjuntura começa a ficar complicada, com nomes demais. Tanto PL quanto UB em Goiás parecem se entender e desejar estreitar os laços, o que implicaria na desarticulação das bases formadas para 2024. Vale a pena?