Pré-candidatos a governador que lideram pesquisas adotam uma estratégia de neutralidade em relação à  Lula e Bolsonaro

As eleições de 2022 revelam um eleitor mais engajado e politizado do que o pleito de 2018. A polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está nos debates e rodinhas de conversas dos eleitores goianos – não era para ser diferente. Entretanto, o antagonismo dos dois principais candidatos em nível nacional não encontrou campo fértil em Goiás, já que os nomes apoiados por Lula e Bolsonaro não estão no topo das pesquisas de preferência dos votos para governador. 

As pesquisas colocam o governador Ronaldo Caiado (UB) em primeiro na intensão de votos dos goianos. Em segundo aparece Marconi Perillo (PSDB) e em terceiro Gustavo Mendanha (Patriota). Os candidatos que darão palanque para Lula e Bolsonaro estão em quarto e quinto lugar –  Major Vítor Hugo (PL) com 10%; Wolmir Amado (PT) com 9%, de acordo com a pesquisa  Real Time Big Data divulgada na semana passada. 

Lula e Bolsonaro tem encontrado dificuldade em negociar alianças nos estados que representem o grau de polarização nacional. Estratégia fundamental para as campanhas dos presidenciáveis, a busca de apoio e espaço nos palanques nos estados avança, mas, em geral, esbarra nas composições que os candidatos ao governo precisam para garantir a competitividade na eleição. É o que ocorre em Goiás. Ronaldo Caiado embora tenha identificação ideológica com o grupo político de Bolsonaro (conservadorismo e ligação estreita com o agronegócio), a candidatura para reeleição do governador não está associada ao presidente. Do outro lado, Marconi Perillo tem apresentado boa aceitação dos eleitores de Lula, mas até o momento  – negociações ainda estão em andamento –  ele não representa o projeto petista em Goiás. 

Lula mira o eleitorado para além do tradicional da esquerda e passou a modular as críticas a adversários nos estados, adotando uma linha “paz e amor” que mira eleitores que optam por adversários do PT localmente, mas cogitam votar no petista. É essa a relação que há entre Marconi e o eleitorado petista. 

Nas últimas semanas, Lula​ intensificou o ritmo de viagens para tentar manter sua dianteira na briga com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e também para turbinar seus aliados estaduais. Mas, de modo geral, o discurso do petista prioriza exaltar os correligionários em vez de fustigar os rivais deles. A estratégia envolve vários cálculos, que passam pelo esforço de Lula para assegurar votos cruzados e não melindrar siglas que eventualmente estejam com o PT na esfera nacional ou em outros estados.

O cenário eleitoral para 2022 tende a ser marcado por reeleição ou manutenção de grupos políticos, além de um favoritismo de candidatos com experiência política ou de gestão, rompendo com a onda de outsiders.

O que se percebe é que os pré-candidatos a governador adotaram uma estratégia de neutralidade em relação à eleição nacional. Lula e Bolsonaro costuram palanques próprios na maioria dos estados, mas sem ver o resultado eleitoral que se reflete nacionalmente.