Não se pode ignorar os apontamentos das pesquisas eleitorais
02 outubro 2022 às 00h00
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O primeiro turno das eleições chega em seu ápice – o dia em que o eleitor vai às urnas. Essa é uma campanha que entra para história e são tantos os motivos que uma lista, por maior que seja, arriscaria ser inexata. Mas há um fator que podemos notar claramente: o interesse do brasileiro pelas pesquisas e seus percentuais aumentou. Tornou-se quase que cotidiano a discussão de eleitores se baseando em levantamentos estatísticos – das mais variadas metodologias e institutos.
A cada temporada eleitoral há uma enxurrada de pesquisas. Acompanhar esses dados a cada dois anos virou parte das nossas vidas. Ao mesmo tempo, como tudo que envolve política, as pesquisas geram desconfianças. Sempre que se fala em pesquisas eleitorais, a confiabilidade do levantamento é alvo de divergências. Em parte isso se deve pela atuação de alguns institutos sem credibilidade que em eleições anteriores erraram muito, mas há também o discurso do candidato que, mal colocado, passa a tratar os levantamentos como mentirosos. Fato é que, as pesquisas de institutos sérios e com histórico positivo, não podem ser ignorado – por eleitores e candidatos.
Em Goiás e no Brasil, as pesquisas feitas em momentos diferentes e por institutos diversos tem traços de semelhanças. Os percentuais alcançados pelos candidatos refletem uma lógica notada entre os eleitores e quando comparado entre os institutos deferentes, percebe-se que a variação é pequena. O político que levou sua candidatura a sério puderam se pautar por esses números e assim traçar estratégias mais próximas do acerto.
O erro em pesquisas ocorre, mas é relativamente raro e a probabilidade de acerto chega a 95% da realidade. As pesquisas eleitorais são sérias e controladas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que exige o registro da metodologia aplicada, do instituto e do nome do responsável pelo levantamento, o que garante a qualidade da informação divulgada. Em geral, esses levantamentos são feitos com cálculos estatísticos confiáveis, mesmo em uma amostra de apenas 3 mil pessoas, em um universo de mais de 147 milhões de eleitores.
É essa metodologia, que contrapõe a desconfiança dos resultados das pesquisas. Mas é evidente que o comportamento eleitoral é o maior enigma da ciência política. Há muitos fatores avaliativos, contextuais, emocionais, ideológicos, institucionais, partidários, psicológicos e temáticos que agem para determinar como e em quem votamos. E por isso que, em geral, os institutos fazem os levantamentos de forma periódica, assim, conseguem assimilar e retratar os efeitos de cada fato novo, ou mesmo a ausência deles.
Afirmo que ignorar as pesquisas sérias é o verdadeiro erro de cálculo de qualquer candidato, e até mesmo do eleitor, porque ao contrário do que o senso comum sugere, os levantamentos não servem para prever o resultado da eleição. O objetivo dessas pesquisas é medir a intenção de voto no momento em que são feitas as entrevistas. Como o eleitor pode mudar de ideia até a hora de entrar na cabine de votação, nada garante que uma pesquisa feita meses, semanas, ou mesmo dias antes, terá o mesmo resultado que o computado pela Justiça Eleitoral.
Não ignorar os dados é entender que as prévias eleitorais são na realidade pesquisas de intenção de voto. Por mais óbvio que possa parecer, os institutos precisam insistir nisso a cada ano eleitoral. As intenções de voto mudam de acordo com o clima no envolvimento dos eleitores na campanha. Na reta final o interesse aumenta e as táticas tornam-se mais eficientes, possibilitando mudanças mais rápidas.
Pesquisas eleitorais são, antes de tudo, informações para os eleitores. A opção de cada um é uma combinação de muitos fatores, mas um deles é certamente a competitividade da alternativa escolhida. Esses levantamentos são fundamentais para esse eleitor. Para os concorrentes os dados são ainda mais vitais. Pesquisas não garantem vitórias, evidentemente, mas são fontes de decisão sobre estratégias de campanha. Detectar carências e motivações do eleitorado e transformá-las em um mote de campanha é um dos objetivos do marketing eleitoral tão em voga no Brasil. Por outro lado, marketing eleitoral supõe realização de pesquisa para uso privado dos candidatos.