Negociações entre PSDB e PT se dão em âmbito nacional e tendem a definir tucano na cabeça de chapa

Faltando menos de quatro meses as eleições as peças do tabuleiro político fazem suas movimentações finais, portanto, mais relevantes para o jogo político. Como as composições vão se avançando e as articulações chegando ao consenso, os espaços que ainda se mantêm em aberto no cenário eleitoral goiano estão sendo ocupados, pouco a pouco. Assim, as definições vão sento tomadas e o eleitor já começa a ver mais claramente o horizonte com as opções para escolha de candidatos.

A semana que se passou foi marcada por uma jogada política importante: as tratativas que havia entre o pré-candidato a senador João Campos (Republicanos) e o pré-candidato ao governo do Estado Gustavo Mendanha (Patriota) enfim deixaram de ser tratadas como especulações e se concretizaram em forma de um anúncio feito pelo presidente do Republicanos, Marcos Pereira. Apesar de não ser uma surpresa para quem acompanha a política regional, essa e uma mexida importante no tabuleiro. 

Gustavo Mendanha vinha enfrentando dificuldades em compor alianças com outros partidos que lhe garantissem peso para a campanha ao governo. João Campos batalhava para se lançar ao Senado, mas diferente da maioria dos que estão a base caiadista, ele não desejava ser um candidato independente. Os projetos de ambos confluíram  –  e com a anuência de Marcos Pereira está selada a aliança. 

Essa movimentação foi importante para formação da chapa de Mendanha, que agora têm apenas a vaga de vice ainda sem uma indicação. A vaga para senador se confirma com João Campos, e a própria composição é uma forma de reafirmar que a candidatura do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia ao governo é sólida. 

Essa composição de Gustavo Mendanha e João Campos afasta as especulações de que o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) poderia estar na chapa, concorrendo ao Senado. Apesar de o tucano ter sido o principal incentivador da candidatura de Mendanha ao governo, agora há um distanciamento que já os coloca em pontos opostos nas eleições deste ano. 

Mais do que distanciar Marconi de Mendanha, a aliança do Republicanos com o Patriota —  a partido do lançamento de João Campos ao Senado – empurra Marconi Perillo para os “braços” do PT –  partido que lidera a formação de uma frente ampla da esquerda em Goiás, mas que ainda não bateu o martelo sobre quem vai ser o cabeça de chapa. 

Por mais que Marconi diga que ainda não definiu para qual cargo deverá concorrer nas eleições deste ano, a aliança de Gustavo Mendanha e João Campos, tiraram dele o melhor espaço para concorrer ao Senado. Olhando o cenário atual, a melhor opção do tucano é concorrer ao governo do estado – pesquisas eleitorais o colocam em segundo lugar nessa disputa. 

Ter Marconi Perillo como candidato ao governo de Goiás é um desejo da direção nacional do PT. Há quem diga que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, tem preferência pelo tucano em um palanque goiano. A preferência petista é pelo fato do ex-governador tem um percentual maior de intensão de votos do que o próprio candidato do PT – Wolmir Amado. 

Fontes ligadas a direção nacional do PT dizem que o ex-presidente Lula tem trabalhado por uma aliança com o PSDB nos Estados. A investida tem se intensificado desde a desistência do ex-governador João Doria (PSDB) da disputa a presidência. Deste a definição, o petista estaria em conversas com o também ex-governador Marconi Perillo (PSDB).

Vale ressaltar que o Diretório Nacional do PT aprovou uma nova resolução neste ano que prega “unidade” e permite alianças com ex-adversários políticos a fim de derrotar o presidente Jair Bolsonaro na eleição deste ano.

Mesmo enfrentando resistência de partidos aliados, como Psol, Marconi pode representar a melhor saída para que o projeto da esquerda tenha uma chapa com potencial eleitoral competitivo, dando um forte palanque para Lula – esse é o projeto macro do PT.

Em Goiás, Bolsonaro tem em tese três palanques. Major Vitor Hugo (PL) é o candidato oficial do presidente, mas Gustavo Mendanha, aliado com Republicanos, precisa estar alinhado ao projeto bolsonarismo. A chapa de Ronaldo Caiado (UB), embora não esteja apoiada por Bolsonaro, tem em suas bandeiras semelhantes as que são defendidas pelo presidente, além de uma ferrenha oposição ao PT. Assim, Marconi caminha para ser o único a dar palanque a Lula em Goiás, e capitanear a parcela importante de votos da esquerda no Estado.

A importância dos votos petistas em Goiás pode fazer com Perillo e Lula superem as profundas divergências políticas que possuem desde o Mensalão do PT, quando o goiano advertiu o então presidente da existência de compra de votos no Congresso Nacional, atitude que irritou o petista. A aproximação dos dois também afastaria os obstáculos que surgiram pela oposição feita pelo PT durante os governos do tucano em Goiás. 

A perspectiva da formação de chapa entre PT e PSDB está na proposta que Lula vislumbra para se eleger presidente. A prioridade é consolidar palanques consistentes para a eleição presidencial – petistas buscam uma vitória ainda no primeiro turno.

Os votos que até então pareciam desprezados em Goiás, podem ser uma importante estratégia para consolidar Marconi como a oposição no Estado. Essa valorização também é importante para Lula, que ganha voz, palanque e representantes com capilaridade no estado.