Eleição de 2022 terá alta reeleição na Câmara dos Deputados
18 setembro 2022 às 00h00
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A menos de 15 dias das eleições, as pesquisas mostram os eleitores decididos quanto aos seus votos, principalmente no que se refere a disputa polarizada para presidência – Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são os protagonistas que fecharam os espaços para outras opções viáveis eleitoralmente. Mas este ano não iremos escolher somente os Executivos. A escolha dos deputados também é nossa missão, e tudo indica que a reeleição de parlamentares será alta.
Os registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que menos 445 dos atuais 513 deputados federais tentam se reeleger no próximo dia 2 de outubro. O número, que representa cerca de 86% da atual legislatura, é o segundo maior dos últimos 20 anos, abaixo apenas do resultado de 2006, quando 491 políticos com assento na Câmara dos Deputados buscaram a renovação do mandato por mais quatro anos. Nas eleições gerais realizadas há 4 anos, 413 deputados federais concorreram à reeleição, e 289 tiveram votação suficiente para integrar a atual legislatura.
Mas neste ano há alguns fatores novos que precisam ser levados em conta, entre eles se destacam o caráter plebiscitário da eleição para presidente, que acaba por influenciar na disputa do legislativo, a acomodação partidária decorrente da janela partidária e as mudanças na legislação eleitoral.
Primeiro vamos tratar de como o “Fla Flu” de Lula e Bolsonaro vai influenciar na eleição do parlamento. Espera-se que a polarização resulte em um comparecimento recorde nas urnas neste ano. Ou seja, a abstenção, votos brancos e nulos devem alcançar o menor percentual dos últimos anos. Isso reflete também na votação dos deputados. Tendemos a acreditar que o eleitor não vá até à cabine de votação só para escolher o presidente.
Ainda sobre os reflexos da polarização para escolha do legislativo, temos que considerar que os brasileiros se tornaram mais politizados, ou seja, estão discutindo politica, se inteirando das propostas, posições e história dos candidatos.
Essa última percepção sobre os reflexos da polarização nos leva a outro ponto que nos leva a crer no alto índice de reeleição de deputados federais neste ano. As pesquisas eleitorais mostram que mais de 80% dos eleitores de Lula e Bolsonaro já estão firmes em suas escolhas e não vão mudar de candidato. A partir disso, eles pautam as escolhas dos parlamentares a partir de seus alinhamentos ideológicos e políticos com Lula e Bolsonaro. Neste quesito, a vantagem é clara para quem já tem mandato e pode provar nos últimos três anos e meio com quem estão “fechados”.
Neste ponto ainda precisamos lembrar como a acomodação promovida pela janela partidária terá influência. Pois, com as mudanças de partidos, algumas legendas saíram muito fortalecidas, principalmente as siglas que compõe o chamado Centrão. Exemplo, a bancadas do PL, partido do presidente Bolsonaro passou de 42 para 77 deputados. O PP que tinha 42 deputados foi para 56. O PT teve um crescimento tímido, saiu de 53 para 56 deputados.
A legislação eleitoral que colocou fim das coligações nas eleições proporcionais também vai favorecer a reeleição e redução de partidos no Câmara Federal. Os partidos adotaram estratégias de apostar e investir na figura do ‘puxador de votos’. Em geral, o nome escolhido é aquele que já tem mandato e que também tem mais voz e poder de decisão no comando da sigla. Esse é um exemplo de fácil verificação. Nota-se um grande número de candidatos por força do fim das coligações e chapas com presença significativa de vereadores, chamados para concorrer ao cargo de deputado para ajudar o partido a atingir o quociente e favorecer aqueles que já são mandatários.
Ainda é preciso lembrar que os atuais deputados têm a vantagem de geralmente receberem mais recursos dos partidos, além de terem a oportunidade de fazer emendas orçamentárias ligadas aos seus locais de votação. Esse é um quesito de forte relevância dentro da campanha eleitoral.
Se, pelos fatores apresentados, o eleitor tende a reeleger deputados federais, por outro ele se queixa dos atuais representantes da Câmara Federal. Uma recente pesquisa feita pelo IPEC, mostrou que 76% dos entrevistados consideram a Câmara dos Deputados corrupta. Esse levantamento coloca o Legislativo como a instituição mais corrupta do Brasil, na percepção do eleitor. A pesquisa Ipec sobre a percepção do brasileiro em relação à corrupção nas instituições também questionou sobre o que esse assunto representa para o país. A maioria dos entrevistados apontou a corrupção como o segundo maior problema do país. Para 36%, o pagamento de propina e as trocas por vantagens aparecem em segundo lugar – em primeiro está o desemprego.
Essa percepção do brasileiro, já ocorre a décadas, é reforçada por situações como a criação e defesa do orçamento secreto, que distribui emendas a parlamentares – A invenção permite que deputados e senadores destinem recursos que saem diretamente dos cofres da União sem que haja transparência para onde vai o dinheiro, além de não especificar nomes, limites e o destino, o que facilita, na prática, os casos de corrupção.
Embora não pareça uma realidade para este ano, a mudança de uma percepção de corrupção no Congresso, passa pela renovação e da criação de um novo ambiente político.