Geração de empregos depois de quase 2 anos em queda e sucesso em leilão de aeroportos mostram recuperação da credibilidade do governo

Duas notícias na semana passada não poderiam ser mais alvissareiras para os brasileiros. Depois de 22 meses em queda, o País voltou a gerar postos de trabalho. E nova rodada de concessões de aeroportos atraiu três empresas europeias, que arremataram quatro aeroportos leiloados pelo governo federal, em Fortaleza (CE), Porto Alegre (TS), Florianópolis (SC) e Salvador (BA). Ou seja, o desastre que as administrações petistas causaram na economia brasileira começa a ser superado de fato.

O brasileiro comum, aquele que trabalha para garantir seu sustento, que paga seus impostos e quer em troca serviços públicos decentes – a imensa esmagadora maioria da população –, almeja que a situação econômica esteja em normalidade. E foi justamente isso, normalidade, que se perdeu nos últimos anos, com o desvario, desperdício, incompetência e erros da ex-presidente e sua equipe econômica comandada por Guido Mantega.

Essa normalidade na economia, que pressupõe um mínimo de racionalidade no comando político, o que deixou de existir com a Dilma, está voltando após 6 meses que Michel Temer assumiu definitivamente o posto mais alto da República — para ser mais preciso, são 200 dias sob o comando do peemedebista (e pode-se acrescentar aí mais 3 meses e 19 dias na interinidade).

E as boas notícias têm de ser exploradas. “Quem está apostando que o Brasil não vai dar certo vai errar, o País vai gerar muitos empregos”, disse o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. “Podemos comemorar a inversão da curva [de desemprego]. Estamos convictos de que, a partir daqui, teremos sempre dados positivos para apresentar”, celebrou.

O próprio Temer também se jactou da boa nova. “Vocês sabem que a economia brasileira volta a crescer e os sinais deste fato são cada dia mais claros. Em fevereiro, o número de empregos formais é de 35.612 vagas. É um começo, depois de 22 meses de números negativos”, ressaltou.

Sobre os aeroportos, os lances oferecidos pelas empresas estrangeiras – a alemã Fraport, a francesa Vinci e a suíça Zurich — alcançaram R$ 1,46 bilhão, superando em mais de 90% as ofertas mínimas determinadas pelo governo. São gigantes mundiais do setor — juntas, elas administram 51 aeroportos no mundo, por onde passam 421,5 milhões de passageiros por ano.

Analistas apontam que os investidores se sentiram muito mais confiantes com a retirada da Infraero como sócia obrigatória — nos leilões passados, a estatal tinha 49%. Lembrando ainda que nos leilões do governo Dilma, era forte a participação das construtoras brasileiras como Engevix, Carioca e Odebrecht, investigadas pela Lava Jato, além da CCR, que tem entre seus sócios Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, também alvo da operação.
Então, tome mais comemorações. Nas redes sociais, o presidente Michel Temer festejou o resultado e afirmou que, com a venda para grupos estrangeiros, o país reconquistou a “credibilidade no cenário internacional”.
Temer tem razão para otimismo.

Blindagem

Lula no vídeo em que defende a reforma da Previdência: cadê a coerência? | Foto: ABr

A partir das boas notícias, o governo quer aproveitar para tentar convencer o mercado de que a economia brasileira está “blindada” das dificuldades políticas, apesar dos efeitos das investigações da Lava Jato que atingem os núcleos do Planalto e do Congresso. O Planalto acredita que os dados do emprego e o sucesso do pacote de concessões comprovam as previsões de que o PIB deve chegar ao fim do ano rodando com expansão de 2,5% a 3%.

A Folha de sexta-feira, 17, registra que o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) dirá no encontro ministerial do G20, neste fim de semana, na Alemanha, que o Brasil mostrou que tem condições de recuperar o crescimento econômico e de fazer reformas estruturais, e que não foi contaminado pelas revelações da Lava Jato.

Segundo o jornal, Temer pediu que seus auxiliares aproveitem o momento para turbinar a agenda econômica e pegar carona no momento que consideram positivo, enquanto novas revelações da Lava Jato não deteriorarem o ambiente político.

O ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) disse que o resultado dos leilões dos aeroportos é um sinal de reforço da credibilidade da política econômica. Ele afirmou que o governo deve continuar trabalhando para recuperar a economia e disse acreditar que a pauta das revelações da delação da Odebrecht será superada em breve.

Franco, também citado nas delações, disse que em pouco tempo se saberá o que foi dito [pelos delatores] e essa questão sairá do âmbito político para o judicial. “Eu, especificamente, estou calmo e sereno para responder a tudo nos autos. Essa não é mais uma questão política”, disse à “Folha”.

O Planalto também vai reforçar com sua base aliada os apelos para que a pauta econômica no Congresso seja mantida como prioridade.

Segundo o jornal, investidores já disseram a integrantes do governo que a delação da Odebrecht não impactou o mercado porque há sinais de compromisso com a aprovação da reforma da Previdência, mas temem que o Congresso fique paralisado ou passe a priorizar outros projetos para retaliar a Lava Jato, como a anistia ao caixa dois, deixando a reforma em segundo plano.

Na verdade, se os sinais de recuperação são inegáveis, nem tudo está tão bem assim. No Congresso, por exemplo, a base governista dá mostras de divisão em alguns momentos. A Lava Jato é um problema, por mais que o entorno de Temer tente amenizar o quadro.

Uma fala peemedebista Jarbas Vasconcellos é ilustrativa. Segundo ele, a Câmara vive “entre a perplexidade e a pasmaceira”. “Estamos na metade de março e as comissões nem sequer foram constituídas. Está tudo paralisado. E isso é porque só uma parte da lista do Janot vazou. Ainda vai piorar”, disse o experiente parlamentar.

Até poucos dias, Lula e Dilma eram favoráveis à reforma da Previdência

Talvez seja pedir muito dos políticos que se mostrem minimamente coerentes. Mas o que ocorre com o ex-presidente Lula da Silva chega ao cinismo mais insano possível.

Na quarta-feira, 15, Lula falou para uma claque petista em plena Avenida Paulista e protestou contra a reforma da Previdência que o governo Temer toca no Congresso. Só que a fala do petista vai no rumo contrário do que ele disse em vídeo gravado em 2015.

Artigo do jornalista Augusto Nunes, no site de Veja, lembra que há apenas dois anos o petista endossava argumentos evocados pelo presidente Michel Temer para justificar a reforma da Previdência. Lula sabe que o crescimento da expectativa de vida defasou a legislação previdenciária. “A gente morria com 60 anos de idade, com 50 anos de idade, agora a gente tá morrendo com 75”, compara no vídeo.

Lula também reconhece que a passagem do tempo exige correções modernizadores em praticamente todos os textos legais. “Você não pode ficar com a mesma lei que você tinha feito há 50 anos atrás”, diz. “É preciso que você avance.”

Também a “impixada” Dilma Rousseff mudou o discurso, como pode ser visto em outro vídeo, gravado em janeiro do ano passado: “Cê tem várias formas pra encarar a questão da Previdência”, diz Dilma Rousseff. “Os países desenvolvidos, todos eles, buscaram aumentar a idade de acesso, a idade mínima para acessar a aposentadoria. Tem esse caminho”.

Pergunta Augusto Nunes: “Por que o pregador de missa negra mudou de ideia? Mentiu antes ou está mentindo agora? Qual é o Lula que vale? Nenhum dos dois vale nada. Simples assim.”
Falta de coerência é pouco para os petistas.

O link do vídeo no Youtube pode ser conferido aqui.