Há algumas décadas era comum ouvir dizer que um político conseguia, com seu apoio, eleger até um poste. Mas, a mentalidade do eleitor demonstra maior maturidade e não funciona mais nessa lógica. Ou seja, para transferir voto um político precisa não só indicar um nome nas urnas, mas trabalhar pelo convencimento do eleitor.

Esse aspecto da nova relação entre candidatos e eleitorado pode ser lido nas eleições regionais. Os presidenciáveis não têm se mostrado bons cabos eleitorais em Goiás. Os partidos que dominam o cenário de polarização nacional não alcançam a mesma projeção no Estado, ou seja, os padrinhos não demonstram capacidade de transferir votos, conforme apontam as pesquisas.

Nas eleições deste ano, até o momento, os dois líderes nas pesquisas para presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL),  possuem candidatos para o governo de Goiás, Wolmir Amado (PT) e Major Vitor Hugo (PL), respectivamente. No entanto, nenhum dos dois, conforme mostrou a pesquisa RealTime Big Data/TV Record sobre as eleições para o governo de Goiás, ainda conseguiu transformar o apoio dos padrinhos em voto concreto para subir nas intenções de voto. O pré-candidato Major Vitor Hugo tem 10%. Já Wolmir Amado 5%.

Em parte, essa polarização nacional não se repete em Goiás pelo fato de que aqui já há rivalidades regionalizadas. O governador Ronaldo Caiado (UB) tem como opositor o ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Pertentes a grupos adversários, eles não têm a manifestação de apoio de nenhum dos candidatos a presidente que lideram a disputa. Também se enquadra nesse cenário, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (Patriota), que aparece em terceiro nas pesquisas, entretanto, não tem está ligado a nenhum dos presidenciais. 

Lula e Bolsonaro tem encontrado dificuldade em negociar alianças nos estados que representem o grau de polarização nacional. Estratégia fundamental para as campanhas dos presidenciáveis, a busca de apoio e espaço nos palanques nos estados avança, mas, em geral, esbarra nas composições que os candidatos ao governo precisam para garantir a competitividade na eleição. É o que ocorre em Goiás. Ronaldo Caiado embora tenha identificação ideológica com o grupo político de Bolsonaro (conservadorismo e ligação estreita com o agronegócio), a candidatura para reeleição do governador não está associada ao presidente. Do outro lado, Marconi Perillo chegou a apresentar boa aceitação dos eleitores de Lula, mas ao se definir para o Senado, ele opta por não representar o projeto petista em Goiás.

A campanha efetivamente começa no dia 16 de agosto. O tempo de TV, rádio e exposição na internet pode mudar algo neste cenário. A estratégia dos candidatos ao governo de Goiás que são apadrinhados por presidenciáveis será de se mostrar ao lado desses líderes. Provar que fazem parte do projeto de Lula ou Bolsonaro pode garantir alguns pontos a mais nas pesquisas, e votos nas urnas, mas tende a não ser decisivo. A transferência de votos não é mais tão simples assim.