“Tupi or not Tupi?” – revista científica goiana completa 50 anos, mas hoje só publica artigos em Inglês

19 dezembro 2021 às 00h00

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É razoável que uma revista com escopo na Agricultura Tropical, especialmente ambientada no Cerrado, só publique em Inglês, desconsiderando o idioma pátrio?
No ano de 1962 o presidente João Goulart é recebido por seu par dos Estados Unidos, John F. Kennedy, na Casa Branca, em Washington, nos tensos tempos da Guerra Fria. A seleção brasileira de futebol conquistara o bicampeonato mundial derrotando a Tchecoslováquia por 3 a 1, em Santiago do Chile. O Santos de Pelé venceu o Benfica de Portugal em pleno Estádio da Luz, em Lisboa, conquistando o primeiro campeonato mundial de clubes para uma agremiação brasileira. Parecia o anticlímax da vigorosa Era de Ouro, que marcara o Brasil na década anterior, fechada com a chave dourada da inauguração de Brasília e a Bossa Nova, criada sob as batidas do violão e o cantar “como quem reza”, de João Gilberto. O que viria a seguir, exceto o Cinema Novo de Gláuber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Cacá Diegues, e a conquista do Tricampeonato Mundial de Futebol, seria um horror de 21 anos, com a perda da democracia duramente conquistada após o Estado Novo.
Em Goiás aconteceria nesse ano uma medida tão estratégica quanto a tentativa de João Goulart em se aproximar dos Estados Unidos, respeitadas as devidas proporções e objetivos. Ao contrário do presidente brasileiro, porém – que seria derrubado daí a dois anos por um golpe civil-militar – em Goiás a medida surtiu efeito, fazendo com que este estado se firmasse como um dos polos de ensino agrícola no país, pré-requisito para a revolução que ocorreria na agropecuária nos próximos 60 anos. Goiás seguiria, na agropecuária, os feitos do Santos e da Seleção Canarinho no futebol.
No ano do bicampeonato, o reitor Colemar Natal e Silva, da Universidade Federal de Goiás – que fora criada formalmente através da Lei n° 3.836, de 14/12/1960, com a incorporação das faculdades de Direito (1898), de Farmácia e Odontologia (1945), da Escola de Engenharia (1954), do Conservatório de Música (1955), e da Faculdade de Medicina (1960) – constituiu um grupo de trabalho para proceder estudos sobre a organização de uma Escola de Ciências Agrárias na UFG.
Esse grupo era composto pelos engenheiros Agrônomos Mário Arolla Romero, Manoel Passos de Castro e Mori Rocha Lima; e pelos Médicos Veterinários Raul Conde, Edson Pereira e Romildo Carvalho Coutinho. Em 29 de março de 1962 o Grupo de Trabalho apresentou reveladora exposição de motivos ao reitor, ressaltando que Goiás possuía 62,3 milhões de hectares de área total, sendo que apenas 24,6 milhões eram ocupados por estabelecimentos agropastoris; que a carência de profissionais especializados (1 profissional para cada mil propriedades) era um dos fatores que limitavam o aumento da produção e da produtividade agrícola no estado; que havia em Goiás apenas 56 agrônomos (e 9 veterinários), sendo necessário o aumento para 1.500 profissionais, a fim de dar vazão às demandas dos produtores agrícolas; e que o patrimônio e as benfeitorias já existentes da futura Escola Agrotécnica fossem o suporte para a criação da Escola de Ciências Agrárias.
A Escola
Em 9 de Abril de 1953, o Estado de Goiás e a União firmaram acordo para a construção e a instalação da Escola Agrotécnica de Goiânia, em nível de 2º grau. No dia 3 de dezembro de 1954 o governador de Goiás, Jonas Ferreira Duarte, promulgou a Lei n° 1.012, decretada pela Assembleia Legislativa, que autorizava o Estado de Goiás a doar, na Fazenda Samambaia, em Goiânia, “duzentos e cinquenta (250) hectares ao Ministério da Agricultura para a construção e a instalação da Escola Agrotécnica de Goiânia, criada conforme acordo firmado entre o Governo da União e o Estado de Goiás”. Pelo Decreto n° 45.866, de 22 de abril de 1957, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira autorizou o Serviço do Patrimônio da União a aceitar – do Estado de Goiás – a doação de terreno de 250 ha, na Fazenda Samambaia, para a implantação da Escola Agrotécnica de Goiânia, que seria vinculada ao Ministério da Agricultura.
Acontece que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – n° 4.024 de 10/1961 – desvinculou o ensino de Agrárias do Ministério da Agricultura (MA), passando-o para o Ministério da Educação e Cultura (MEC), desestimulando a criação da Escola Agrotécnica que, apesar de já ter construída parte de sua estrutura física, inclusive um serpentário, nunca funcionou. Essa estrutura – acrescida com vários prédios projetados pelo jovem estudante de Agronomia Anatoly Kravchenko, depois professor de Construções Rurais, e ainda hoje em atividade profissional, aos 80 anos – serviria para a instalação da Escola de Agronomia e Veterinária da UFG.
Em 30 de Janeiro de 1963 o Egrégio Conselho Universitário da UFG autorizou a criação dos cursos de Agronomia e de Veterinária, em caráter excepcional, sendo o concurso vestibular realizado imediatamente, com as aulas se iniciando em março daquele ano. Inicialmente foram diretores os professores Raul Conde (veterinário) e Hélio Hugo Lobo (agrônomo), sucessivamente. A primeira formatura de alunos dos cursos de Agronomia e Veterinária aconteceria em 1966, mesmo ano da criação oficial da Escola de Agronomia e Veterinária (EAV), através da Lei 5.139, de 14/10/1966. Os dois cursos foram reconhecidos pela União por meio do Decreto n° 64.101, de 12/02/1969. Nascia assim a EAV, que após a separação dos dois cursos, em 1981, daria origem à “Estrela do Cerrado – a Escola de Agronomia da UFG”, título de um livro que este autor prepara, presentemente.
A revista
Apenas cinco anos após a formação da primeira turma, em 1971, surgiu a pioneira das revistas científicas agrícolas do Centro-Oeste do Brasil, com a denominação “Anais da Escola de Agronomia e Veterinária”, conhecida por “Anais da EAV”, inicialmente com periodicidade anual, impressa no formato 21 x 15 cm, equivalente ao tamanho A5.
A iniciativa da publicação coube a três professores pioneiros da EAV: Manoel Passos de Castro (Química e Fertilidade de Solo), Peter Ernst Sonnemberg (Olericultura) e Yvo de Carvalho (Fitossanidade), auxiliados pelo recém-formado (1970) Antônio Lopes da Silva, que lecionara Entomologia para seus colegas de turma e outras posteriores, tornando-se professor “oficioso” antes mesmo da formatura.
Os “Anais…” surgiram “da necessidade de se registrar e difundir resultados de pesquisas pioneiras desenvolvidas na região central do país, sobretudo na área de Ciências Agrárias e vem cumprindo papel relevante na divulgação de inovações científicas que marcam a evolução das atividades agropecuárias nessa região”, desde então.
Hoje, rebatizada como “Pesquisa Agropecuária Tropical”, a PAT é um periódico científico publicado em fluxo contínuo, em volume único anual e sem numeração, pela Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás. Tem como missão “promover o desenvolvimento da pesquisa agronômica nos trópicos, destinando-se à publicação de artigos científicos originais, cuja temática tenha aplicação direta na agricultura tropical”, de acordo com a apresentação no site oficial da revista.
Em sua edição de estreia, a revista “Anais…” teve alcance local, evidentemente, publicando oito artigos, em suas 65 páginas. Inicialmente tinha um corpo editorial formado pelos professores Antônio Lopes da Silva (editor), Raimundo Ney de Macedo Lima (secretário), José Xavier de Almeida Neto (tesoureiro) e pelos redatores Aníbal José Alves Torres, Yvo de Carvalho, Ildeu Matias do Nascimento, Augusto Silva de Carvalho e Peter Ernest Sonnemberg.
A publicação ocorreu ininterruptamente, com periodicidade anual, de 1971 até 1994, tornando-se semestral em 1995, até 1998, quando foi rebatizada para “Pesquisa Agropecuária Tropical” (PAT), também semestral (1999-2003). Evoluiu para quadrimestral (2004-2006), trimestral (2007-2018) e, a partir de 2019, publicada em fluxo contínuo.
Em seus onze anos como “Anais da EAV”, o periódico publicou apenas 120 artigos, um número modesto, mas significativo. Com a criação da Escola de Veterinária (1981), desmembrada da Escola de Agronomia e Veterinária (EAV), a revista continuou a servir às duas faculdades, mas com o nome de “Anais das Escolas de Agronomia e Veterinária” (“Anais da EA e EV”), a partir de 1982. Com essa denominação foram publicados 240 artigos. O periódico, assim com seu antecessor (“Anais da EAV”) era publicado na versão impressa com dimensões de 21 x 15 cm (A5). A revista “Anais da EA e EV” circulou até 1998, perfazendo, portanto, 18 anos, e publicou 22 números.
Os editores dos “Anais…” foram os professores Antônio Lopes da Silva (1971-77, exceto 1972), Manoel Passos de Castro (1972), Yvo de Carvalho (1978) e Antônio Henrique Garcia (1979-81). Os editores da “Anais da EA e EV” foram os professores Wilma Alves Ferrari (1982), Wilson Ferreira de Oliveira (1982/83 a 1989) e Antônio Henrique Garcia (1990 a 1998), sendo este auxiliado em todos os números, a partir de 1991, pelo coeditor Paulo César Silva (área de Veterinária) e, no segundo volume de 1998, por José Henrique Stringhini.
Eldorado
A agricultura de Goiás até a década de 1960 se baseava no modelo “de subsistência”, com roças de arroz, feijão e milho cultivadas em áreas “de toco”, ou seja, plantadas com enxadas ou matracas, sem ao menos “destocar” essas áreas, cujos restos da floresta subcaducifólia ou do cerrado remanescente apenas desapareceriam decompostos pelas intempéries ao longo do tempo, ou com o uso de fogo. Os solos, ácidos e pobres em fósforo, sem nenhum cuidado de conservação, eram lixiviados pelos mais de 1.500 mm de chuva anuais, até se esgotarem, dando origem a pastagens com baixa capacidade de suporte de rebanho, que sucederiam as lavouras em declínio.
Quando o solo se exauria, procurava-se outra gleba para se desmatar e recomeçar o ciclo vicioso das baixas produtividades. Os “veranicos” frequentes – particularmente o “Veranico de Janeiro”, imortalizado em conto e em livro homônimo pelo escritor Bernardo Élis – baixava as produtividades ou levava até à perda total das lavouras, sempre que a escassez de chuvas se dava no período de diferenciação floral ou enchimento dos grãos, no “sol de rachar” do verão cerratense. A irrigação era quase nula e o modelo fundiário, com grandes latifúndios improdutivos, não ajudava.
A década de 1970 mudaria tudo, descortinando Goiás e a região Centro Oeste para uma verdadeira “Revolução Verde”, no que tange à agropecuária. Goiás primeiro, e depois todo o Centro-Oeste tornar-se-iam o novo Eldorado, a partir desta década. Diversos foram os fatores que proporcionaram essa modificação: a) criação da Escola de Agronomia e Veterinária da UFG; b) lançamento da 3ª Aproximação; c) criação da Emgopa; d) criação da Embrapa; e) criação do sistema Embrater e da Emater-Goiás; f) criação do Programa Goiás Rural; g) integração dos sistemas Embrater e Embrapa; h) criação do Profir; i) lançamento da cultivar de soja Emgopa 301 e outras; j) formação de uma rede produtora de sementes; k) consolidação de linhas de crédito agrícola; dentre outros fatores.
As bases da Revolução
A criação da “Estrela do Cerrado” – a Escola de Agronomia e Veterinária da UFG – na década anterior, possibilitou a formação de mão-de-obra qualificada local, antes obtida de universidades mineiras, paulistas, cariocas ou da região Sul. Depois, surgiriam cursos de Agronomia em outras instituições no Centro-Oeste, como a Universidade de Brasília – UnB (1966), Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT (1975), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2006) e dezenas de outras, federais, estaduais e particulares. Essa mão-de-obra com formação local atenderia à grande demanda de técnicos para o desenvolvimento agrícola da região.
Em julho de 1973, sob os auspícios da Comissão Estadual de Fertilidade de solos é publicado, “Recomendações de Fertilizantes para Goiás – 3ª aproximação”, que foi um importante instrumento pra se equalizar as indicações de adubação de plantas de acordo com as pesquisas até então desenvolvidas para as culturas agrícolas no Cerrado. Posteriormente seriam publicadas “Recomendações de Fertilizantes para Goiás – 4ª Aproximação” (1978) e “Recomendações de Corretivos e Fertilizantes para Goiás – 5ª Aproximação” (1988). Na apresentação da “3ª Aproximação”, Cassimiro Vaz Costa, coordenador-geral, esclarece que o trabalho é resultante da união de esforços de agrônomos da ACAR-Goiás, Secretaria de Agricultura, Escola de Agronomia e Veterinária da UFG, Ministério da Agricultura e Associação Nacional de Difusão de Adubos (ANDA).
A criação da Emgopa – no governo Leonino Di Ramos Caiado – significou para a agropecuária goiana o equivalente da lendária Escola de Sagres para as Grandes Navegações. Através da Lei n° 19/09/1973, regulamentada pelo Decreto n° 275, de 12/11/1973, foi criado o Instituto de Pesquisa Agropecuária de Goiás (Ipeago), cuja . denominação foi alterada para Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária (Emgopa), através da Lei n° 7.767, em 20 de novembro deste mesmo ano. Vinculada à Secretaria de Agricultura do Estado de Goiás, “a Emgopa surgiu como empresa dotada de personalidade jurídica de direito privado, autonomia administrativa e financeira e com objetivos, metas, planos e sistema operacional ajustados à filosofia da Embrapa”. A Emgopa foi responsável por desenvolver dezenas de cultivares de soja, arroz, trigo e milho, e desenvolveu inúmeras tecnologias que modificaram a realidade da agropecuária goiana.
No dia 4 de outubro de 1974 é criado o Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (CNPAF, atual Embrapa Arroz e Feijão), em Goiânia. Iniciou suas atividades em novembro do mesmo ano, com a incumbência inicial de desenvolver pesquisas com a cultura do arroz. A partir de 1975, passou a dedicar-se também à pesquisa da cultura do feijoeiro e, no período de 1977 a 1991, à pesquisa da cultura do Caupi. Em 1981, a sede foi transferida do antigo posto agropecuário de Goiânia, na BR 153, Km 4, para sua sede atual na Fazenda Capivara, na Rodovia GO-720 (Rodovia Goiânia-Nova Veneza), Km 12, a 25 km do centro de Goiânia.
A implementação do Programa Goiás-Rural, em 1974, pelo governo Leonino Caiado, visou a ampliação da área cultivável em Goiás, com acréscimo de 1 milhão de hectares à fronteira agrícola, construção de 5 mil barragens e represas e cerca de 5 mil quilômetros de novas estradas rurais. Esse programa se desenvolveu com a aquisição de 500 tratores de esteiras e ações conjugadas com a Escola de Formação de Operadores de Máquinas Agrícolas e Rodoviárias (Efomargo), o Consórcio Rodoviário Intermunicipal S/A (Crisa) e o Departamento de Estradas de Rodagem de Goiás (Dergo).
Através da Lei n° 7.969, de 15 de outubro de 1975, foi criada a Empresa Goiana de Assistência Técnica e Extensão Rural, a Emater-Goiás, sucessora da Associação Goiana de Assistência Rural de Goiás (ACAR-Goiás). A Emater-Goiás passou a integrar o sistema de empresas estaduais que compunham a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater), criada no ano anterior pela equipe do presidente Ernesto Geisel. A Emater-Goiás e sua antecessora ACAR-Goiás foram determinantes para se levar as novas tecnologias ao campo de Goiás e do Centro-Oeste, através a Assistência Técnica e da Extensão Rural.
A soja, até o final da década de 1970, era um cultura circusnscrita à Região Sul do Brasil, com baixa produtividade quando cultivada em latitudes mais ao norte. As pesquisas integradas entre a Emgopa e a Embrapa mudariam tudo. Os pesquisadores da Emgopa Alberto de Vasconcelos Costa, Renato Barbosa Rolim, Pedro Manuel Figueira de Oliveira Monteiro (“Pedro Português”), José Nunes Júnior e Ednam Moraes, juntamente com Romeu Afonso Souza Kiihl, do Centro Nacional de Pesquisa de Soja, da Embrapa (CNPSo), desenvolvem a cultivar Emgopa 301, primeira melhorada no estado de Goiás, originária do cruzamento IAC-4 x Júpiter, realizado em 1974, em Goiânia. Nos anos seguintes houve uma série de cultivares lançadas pela estatal goiana: Emgopa (301; 302; 303; 304; 305; 306; 308; 309; 311, 313) e IAC-7. Essas cultivares seriam responsáveis pela introdução da soja nos estados do Centro-Oeste e do Norte do Brasil.
De acordo com o doutor em agronomia Alberto de Vasconcelos Costa, tão importante quanto a pesquisa desenvolvida na Emgopa, foi o empreendedorismos de produtores privados de sementes. Para o pesquisador, de nada valeria a pesquisa se não houvesse multiplicação de sementes, especialmente na região de Cristalina, neste estado, ainda hoje um dos maiores produtores de sementes básicas do Brasil.
Acrescente-se a isso os desdobramentos do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), instituído no governo do presidente Ernesto Geisel (1974-1979), como o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (Polocentro), e o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), voltado para seguro rural e o Programa de Financiamento de Equipamentos de Irrigação (Profir), iniciado em 1982, já no governo João Figueiredo. Também de grande importância a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), com ações voltadas especificamente para esta região.
Todos esses fatores contribuíram para tornar Goiás um dos maiores produtores agrícolas do país, na sexta posição entre os estados com maior valor de produção agrícola total, chegando em 2020 a R$ 470,5 bilhões, e terceiro na produção de grãos, após Mato Grosso e Paraná. A produção agrícola goiana se destaca atualmente na soja, sorgo, cana-de-açúcar, gergelim, girassol, algodão, alho, cebola, batata, tomate aves e gado bovino.
Surge a PAT
Enquanto ocorria uma revolução agrícola no Estado, o periódico “Anais das Escolas de Agronomia e Veterinária” era publicado ininterruptamente a cada semestre. A partir de 1999, quando a Escola de Veterinária e Zootecnia criou sua própria revista (“Ciência Animal Brasileira”) cujo primeiro número circulou no ano 2000, a “Anais…” passou a se chamar “Pesquisa Agropecuária Tropical” (PAT), que publicou dois números já naquele ano.
A publicação retratava agora os novos tempos da Escola de Agronomia, que criara em 1985 – com participação do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFG), Emgopa e CNPAF/Embrapa –, o Curso de Mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas, pós-graduação “stricto sensu” pioneira desta unidade, cuja primeira dissertação foi defendida em 9 de setembro de 1988 por Péricles de Carvalho Ferreira Neves, orientado pelo Dr. Élcio Perpétuo Guimarães, pesquisador da Embrapa. Com nova denominação de Programa de Pós-graduação em Agronomia, passou a oferecer em 1993 os cursos de mestrado e doutorado, em duas áreas de concentração, Produção Vegetal e Solo e Água, atualmente ampliado.
A partir de seu número inicial, a PAT – com dimensões um pouco maiores, de 27,9 x 20 cm (A4) – passou a traduzir a maior necessidade de publicação das produções dos mestrandos e doutorados da EA/UFG, e foi editada por Antônio Henrique Garcia, auxiliado pelo coeditor João Batista Duarte, nos anos de 1999 e 2000. Em 2001 este coeditor tornou-se editor da PAT (sem coeditor), permanecendo na função até o 3º número de 2008. Os sucessores de João Batista Duarte como editores do periódico foram, João Gaspar Farias (2008 a 2009), Alexander Seleguini (2010 a 2014) e Evandro Novaes (2015 a 2017) que entregou a editoria ao próprio Duarte, a partir do número 1/2018, até 2020. A PAT teve circulação impressa até o ano de 2009 (número 2/2009), tornando-se eletrônica a partir do número 3/2009, circulando na forma digital até o presente.
Indexações
Criada como uma revista local, a Pesquisa Agropecuária Tropical tornou-se, à medida que se adequava às condições requeridas – periodicidade, escopo e origem dos artigos e língua de publicação –, regional, nacional e internacional, reconhecida recentemente.
Sob a editoria de Antônio Henrique Garcia, em 2000, a PAT conseguiu sua primeira indexação (número 1/2001), na Agrobase, do Ministério da Agricultura. Em outubro de 2002 (n° 1/2002), já sob a edição de João Batista Duarte, a revista passou a ter disponibilização “on-line”, sendo oferecida nas versões impressa e digital. A primeira indexação em bases internacionais deu-se também em 2002 (n° 2), quando a PAT foi inserida na AGRIS (FAO, Roma). Com a mudança da periodicidade para quadrimestral (n° 1/2004), o periódico consolida-se como Regional.
Em fevereiro de 2005, a PAT foi indexada na base Periódicos Capes, recebendo destaque em dezembro de 2005 com a “Coleção completa” de 34 anos da revista. A partir do número 1 (2006), passa compor as bases de indexação internacional CAB, FSTA, DOAJ e Scholar Google, além da AGRIS, nela anteriormente indexada. Em 2008 consegue a indexação nas bases Biosis e Biological Abstracts, além de iniciar a tramitação das submissões toda “on line”, através do Sistema de Editoração Eletrônico (SEER/OJS).
Circulando exclusivamente na versão eletrônica desde o n° 3/2009, em 2010 a PAT consegue a indexação na Scopus, segunda principal base indexadora, atrás apenas da Web of Science. Sob Alexander Seleguini (n° 3/2010), a revista consolida-se como um periódico Nacional, com escopo exclusivo em agricultura tropical.
Atualmente a PAT é indexada na Emerging Sources Citation Index (Web of Science); SciELO; Scopus; BIOSIS Previews; Biological Abstracts; CAB Abstracts; FSTA – Food Science and Technology Abstracts; AGRIS – International Information System for the Agricultural Science and Technology (FAO); AGRICOLA; Redalyc; ProQuest; AGROBASE – Base de Dados da Agricultura Brasileira (MAPA, Brasil); Portal Periódicos (Capes, MEC); DOAJ – Directory of Open Access Journals; RoMEO; Scirus – for Scientific Information Only; Open J-Gate; Open Archives Harvester2; Latindex; OAIster; Elsevier; EBSCO Publishing; Scholar Google; e Sumarios.Org.
“Tupi or not Tupi”
Em 2015 a PAT passou a publicar também em inglês e, em 2016, exclusivamente nessa língua. A publicação na língua inglesa, padrão para a ciência mundial, teve como meta a internacionalização do periódico, buscando-se indexação na “Web of Science” e outros indexadores. Entretanto, uma pergunta se faz premente: é razoável que uma revista com escopo na Agricultura Tropical, especialmente ambientada no Cerrado, só publique em Inglês, desconsiderando o idioma pátrio?
Um artigo escrito em Português e “pensado” nessa língua, ao ser transposto para o Inglês, manterá o sentido e a epistemologia que motivou o cientista a propor suas hipóteses e as respostas que embasaram sua tese? E as peculiaridades linguísticas, dos costumes, da fauna, da flora (a fitofisionomia “Cerradão”, por exemplo, intraduzível) e da etnografia local, como serão traduzidas sem erosão do sentido? E quando o cientista não é fluente em Inglês – não me refiro meramente à leitura de “papers”, ou à redação ou tradução instrumental, mas o pensar na língua de Shakespeare –, não ocorrerá uma transferência de autoria do pesquisador para o tradutor, nem sempre imbuído do mesmo espírito inquiritivo do cientista?
“Periscópio” enviou essas questões a diversos editores e cientistas, em particular àqueles que desenvolvem suas pesquisas nas áreas de Ciências Agrárias, Biológicas ou Da Terra e recebi alguns depoimentos e opiniões.
Muitos entendem ser essencial a manutenção do artigo na língua original, sem prejuízo de sua publicação em Inglês. O doutor Eguimar Felicio Chaveiro, professor titular do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (IESA/UFG), entende que “muitos substantivos, espécies da flora e da fauna do Cerrado são intraduzíveis a qualquer idioma”. Para ele, a publicação apenas em língua inglesa incorre, entretanto, em um problema maior: “a concessão à colonialidade do saber”. Eguimar defende que as pesquisas devam ser divulgadas e universalizadas. Pontua, contudo que, apesar de estarmos na era das conexões dos saberes, “render-se a qualquer idioma e inferiorizar o próprio modo de falar e de escrever, significa assinar em prol dos países que impõem o seu poderio econômico e cultural”.
Outro que pensa de forma semelhante é o Antropólogo pela Universidade Católica de Chile e Doutor em Arqueologia Pré-Histórica pela Smithsonian Institution – National Museum of Natural History de Washington DC, professor Altair Sales Barbosa. Docente titular, sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG), fundador do Instituto Goiano de Pré-história e Antropologia, do Instituto do Trópico Subúmido e do Memorial do Cerrado da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, professor Altair defende que as publicações sejam feitas no mínimo em duas línguas, incluída a do pesquisador autor do trabalho, além do Inglês.
A utilização do Inglês como idioma único de publicação de trabalhos científicos não seria uma tentativa de glamourização do periódico? Há mesmo a exigência da “Web of Sciences” e de outros indexadores da utilização de artigos unicamente em Inglês?, questionou “Periscópio”.
O atual pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Ação Comunitária da Universidade Evangélica de Goiás (UniEvangélica), doutor Sandro Dutra e Silva, pensa que pode haver sim essa “glamourização” e que, com a concorrência acirrada entre as indexadoras, houve uma flexibilização da exigência de se publicar unicamente em Inglês, antes recomendado por algumas delas. Para o pesquisador, que publica também em Inglês seus estudos da História Ambiental do Cerrado, é essencial a publicação na língua pátria, a fim de se preservar a integridade do trabalho.
O doutor Ricardo Júnior Assis Fernandes Gonçalves, editor-chefe da revista “Sapiência – sociedade, saberes e práticas educacionais”, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), e professor dos cursos de pós graduação “stricto sensu” desta instituição, acha que a opção bilíngue é a ideal. Para ele, “as publicações em periódicos em Inglês tornaram-se uma condição da métrica contornada às avaliações da Capes e da pontuação dos programas de Pós-Graduação. É um parâmetro muito vertido ao interesse acadêmico. Mas, é de interesse social os textos em português, de linguagem acessível a todas as camadas da sociedade”, ressalta o pesquisador.
A Engenheira Agrônoma Giselle Ottoni, doutora em Patologia de Plantas pela University of California – Riverside e professora da Escola de Agronomia da UFG, entende que “publicações científicas em periódicos voltados para o Cerrado devem sim, ser publicadas preferencialmente em inglês”. Para ela, é “quase uma convenção, que permite alcançar a comunidade científica mundial mais amplamente”. “O Resumo sim, deve ser publicado também em português, se o periódico é brasileiro. Pelo Resumo, o leitor que não conhece a língua inglesa pode ter uma ideia do conteúdo e, caso necessário, proceder a tradução”, completa a pesquisadora. A especialista em doenças viróticas e bacterianas de plantas acentua que “cientistas precisam ler em Inglês, ou irão se limitar muito no progresso de sua profissão”.
Mesmo tendente a apoiar a publicação unilíngue em Inglês, a professora reconhece as limitações que isso acarreta e acaba cedendo: “Quanto à exigência de que a publicação seja apenas em Inglês, penso que isso traz dificuldades a autores com bom conteúdo mas que não dominam aquela língua. Um periódico pode ganhar reconhecimento por ter seus artigos em Inglês, mas perder por não permitir que bons artigos em Português sejam incluídos. Concluindo, acho que o periódico deve incentivar o idioma Inglês, mas aceitar artigos em Português também”.
Como se vê, é quase consensual que a publicação deva se dar em Inglês – por sua universalidade – mas também na língua pátria, neste caso o Português, para manter a integridade do pensamento do cientista, para não incorrer no “pensar de segunda mão”. Essa é a opinião do professor José Xavier de Almeida Neto, um dos fundadores do “Anais da Escola de Agronomia e Veterinária”, em 1971, professor titular aposentado daquela escola, e que já no número inicial do periódico publicou revolucionário artigo sobre a importância do zinco na nutrição da cultura de arroz. “Xan” (iniciais de Xavier de Almeida Neto) – que tem o nome do avô, presidente do Estado de Goiás (1901-1904) e do pai, médico, poeta e membro da Academia Goiana de Letras –, foi o primeiro ex-aluno da EA/UFG a obter o grau de doutor, Tese defendida na USP.
Entraves
Mas, se parece consenso, por que a publicação em Inglês e em Português deixou de ser uma prática da revista Pesquisa Agropecuária Tropical?
O atual editor-chefe da PAT, doutor Luís Carlos Cunha Júnior, entende que “a ciência é universal, e mesmo biomas como a Amazônia e o Cerrado, podem ter influência em outras partes do planeta, demandando que pesquisadores no mundo inteiro possam ter fácil acesso a estudos desenvolvidos nesses biomas. Isso justifica a publicação em Inglês, o idioma dominante na divulgação científica”. O pesquisador ressalta porém que “esses estudos também são importantíssimos no Brasil, onde grande parte da população não domina o idioma Inglês”. Para o professor, “a fim de atender satisfatoriamente às comunidades científicas interna e externa, o desejável é que os periódicos sejam, no mínimo, bilíngues”. Para o editor da PAT, contudo, “o atual desmonte da Ciência e das universidades públicas (as quais respondem por grande parte da produção e publicação científica no país), com o crescente corte de verbas, inviabiliza publicações bilíngues de acesso gratuito”. Ele explica que, “para cada idioma disponibilizado, são necessárias revisões e diagramações específicas” e que “grande parte dos periódicos científicos de acesso aberto brasileiros não dispõe de pessoal especializado e verba suficientes para realizar a publicação bilíngue”.
A resposta mais elaborada veio do professor da EA/UFG, João Batista Duarte, que cursou mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas na primeira turma desta universidade (UFG, 1988), doutor em Agronomia pela ESALQ/USP (2000) e o segundo mais longevo (10 anos) editor da PAT, cuja primazia cabe ao professor Antônio Henrique Garcia (14 anos), ainda no período “Anais”.
Em resposta escrita – com escopo de artigo –, Duarte pensa que a questão não é de simples solução, “pois as respostas também são determinadas por vieses nos diferentes campos do conhecimento”. Para ele “é, ainda, assunto delicado, que envolve aspectos da dominação de algumas nações sobre outras, cabendo, pois, discussões acirradas”.
O pesquisador, que foi editor da PAT por dez anos (28 números) e coeditor por outros dois anos (4 números), com a experiência de ter vivido “por dentro” o dia-a-dia de um periódico científico, alerta que há problemas operacionais, logísticos e financeiros que dificultam a publicação bilíngue de artigos nas revistas científicas: “Embora interessante, gera custo adicional considerável; pois, a rigor, as duas versões mereceriam revisão por pares (não só revisão linguística). E, na maioria dessas revistas, sobretudo em países com baixo investimento em ciência e tecnologia, há prioridades outras, avaliadas como cientificamente mais relevantes e urgentes para o dia-a-dia editorial. Por exemplo, ‘levar’ as revistas e seus artigos ‘mais longe’, via bases indexadoras diversas, exigentes e mundialmente prestigiadas. Isso demanda grande esforço das reduzidas equipes editoriais dos periódicos científicos no Brasil”.
O doutor em agronomia faz uma diferenciação que julga capital. Para ele é preciso diferençar “publicação científica” de “divulgação científica”: “A primeira é dirigida, sobretudo, a especialistas no respectivo campo da ciência, e representa a chancela rigorosa da comunidade científica a cada novo conhecimento proposto. Assim, melhor mesmo é que tal chancela seja internacional. Este processo de revisão pelos pares (em Inglês, ‘peer review system’) é imprescindível para ‘separar o joio do trigo’; isto é, ciência de pseudociência. Duarte assevera que “sendo a ciência uma construção universal da humanidade (a qual deve avalizá-la com os melhores de seus quadros), a necessidade da crítica mais ampla e profunda possível torna-se fundamental para assegurar sua validade e, por conseguinte, a manutenção da credibilidade já alcançada.
A universalidade – proporcionada em parte pelo uso do Inglês – é justificada por Duarte para evitar corporativismo e regionalismos indesejáveis: “Uma crítica mais regionalizada poderia, por exemplo, conter vieses de ‘permissividade’ metodológica ou de justificação lógico-racional, que a ciência internacional não toleraria. Como o ‘idioma universal’ da ciência é o Inglês (à parte, neste momento, as razões geopolíticas deste fato), a publicação de artigos neste idioma possibilita acesso ampliado, por parte de cientistas do mundo todo, ao conhecimento cotidianamente proposto. Ainda, como também os cientistas que desempenham o papel de ‘guardiões da ciência de seu tempo’ – os revisores ou avaliadores ‘ad hoc’ dos manuscritos submetidos a publicação –, compreendem e se comunicam nesse idioma, torna-se plenamente justificável ‘publicar ciência’ em Inglês”.
Duarte lembra que “para compensar interesses de alcances nacionais ou regionais, a maioria das revistas publicam os seus artigos também com títulos, resumos e palavras-chave em idioma local. Algumas chegam a ter tais partes de cada artigo publicadas em três idiomas (ex. Inglês, Francês e Espanhol)”, complementa.
Na segunda parte de sua diferenciação, o ex-editor da PAT arrazoa que “A divulgação científica, diferentemente, pode e até deveria ser feita, se possível, em vários idiomas e em diversos veículos de comunicação (jornais diários, rádio e TV, Internet etc.); inclusive, contemplando também diferentes linguagens, adaptadas a públicos distintos. Cabe, neste caso, portanto, a divulgação jornalística em Português, por exemplo (no caso do Brasil), bem como nas diversas outras mídias atualmente disponíveis, dos artigos publicados nos periódicos científicos. Embora estes, preferencialmente, em Inglês, posto que devam almejar alcance internacional”.
O pesquisador defende ainda uma linguagem mais simples e coloquial: “Além do idioma local, na divulgação científica, naturalmente deve-se evitar uso excessivo de jargão técnico, adotando-se linguagem mais ou menos especializada, conforme o público alvo. Em síntese, é por meio desse tipo de abordagem que o conhecimento validado na ciência (normalmente complexo e especializado) pode alcançar, de maneira adequada, o público em geral; incluindo profissionais liberais não cientistas. Assim, diferentemente da publicação científica, a divulgação caracteriza-se como uma forma complementar de comunicação e disseminação das descobertas científicas de cada momento”, arremata o professor.
São raras as revistas goianas com a longevidade da PAT. Em 1917 Henrique Silva iniciou a publicação da revista “Informação Goyana”, que durou até 1934, embora de escopo técnico e informativo, mas sem formato científico. Em seus tempos de “Anais”, a PAT publicou 360 artigos e, como Pesquisa Agropecuária Tropical, 1.090, perfazendo 1.450 trabalhos em seus 50 anos de existência. Os acessos online, apenas na plataforma SciElo, foi de 13.525 em 2015; 14.243 (2016); 17.386 (2017) e de aproximadamente 26 mil em 2018, perfazendo mais de 100 mil acessos apenas nessa plataforma. A página na internet da revista Pesquisa Agropecuária Tropical (PAT) (https://www.revistas.ufg.br/pat) teve quase dois milhões de visitantes até esta data, mostrando sua crescente importância para a Ciência.
A “Anais da Escola de Agronomia e Veterinária”, fundada na “Estrela do Cerrado” da UFG, para publicar os resultados das pesquisas realizadas no âmbito daquela Escola, ganhou o mundo como “Pesquisa Agropecuária Tropical”. Em tempos de negacionismo e tentativa de desmonte da ciência, a iniciativa daquele grupo de professores há 50 anos, se apresenta hoje, como na fundação da EAV, a conquista do bicampeonato mundial pela seleção canarinho, ou o campeonato mundial de clubes, pelo Santos de Pelé. Ao contrário do malfadado plano de João Goulart ao visitar Kennedy, porém, a PAT vingou e se inseriu no mundo científico. Ainda que apenas em Inglês.