Sobral Pinto: o advogado conservador que era defensor da democracia
23 março 2023 às 09h00
COMPARTILHAR
O documentário “Sobral, o homem que não tinha preço” começa no comício pelas Diretas, na Cinelândia, no Rio de Janeiro.
Sobral Pinto foi um advogado que defendeu os direitos humanos. Naquele comício do dia 21 de março de 1984, ele, com seus cabelos brancos e sua voz firme, fez um discurso recordando que todo o poder emanava do povo e que o povo tinha o direito de escolher o seu presidente.
Uma neta de Sobral falou no documentário que foi naquele momento que reconheceu a importância do seu avô para o Brasil.
Emenda Dante de Oliveira
O comício na Cinelândia encheu de gente. Milhares de pessoas na Avenida Rio Branco pedindo a aprovação no Congresso da emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições presidenciais diretas em 1985. Antes do Rio de Janeiro, outras capitais já mostraram o apoio popular à aprovação da emenda. Políticos, artistas e intelectuais se revezaram no microfone criticando a ditadura e exigindo eleições diretas. O movimento Diretas Já começou pequeno, mas aos poucos lotou praças e ruas do país todo.
É uma pena a emenda Dante de Oliveira não ter sido aprovada pelo Congresso. Ela não obteve os votos necessários para isso. Porém, as manifestações pelas Diretas confirmaram que os tempos autoritários da ditadura já estavam acabando.
Sobral Pinto viveu para lutar e vencer as ditaduras do Estado Novo e a militar. A neta dele, no meio da multidão na Cinelândia, deve ter dito para os amigos, toda orgulhosa, que aquele senhor ao microfone era avô dela.
No Estado Novo, Sobral Pinto defendeu o comunista Luiz Carlos Prestes. Ele era conservador, mas defendia o Estado Democrático de Direito. Prestes era comunista.