Sem Pelé, garrincha foi o grande craque da seleção brasileira bicampeã

17 junho 2024 às 11h46

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“Amigos, estamos atolados na mais brutal euforia. Ontem, quando rompia a primeira estrela da tarde, o Brasil era proclamado bicampeão do mundo. Foi um título que o “scratch” arrancou de sua rutilas entranhas. E, a partir da vitória sumiram os imbecis, e repito: não há mais idiotas nesta terra. Súbito, o brasileiro, do pé rapado ao grã-fino, do Presidente da República ao contínuo, o brasileiro, dizia eu, assume uma dimensão inesperada e gigantesca. O bêbado tombado na sarjeta, com a cara enfiada no ralo, também é rei. Somos setenta e cinco milhões de reis. (…) Foi a vitória do “scratch” e mais: foi a vitória do homem brasileiro que é sim o maior homem do mundo. Hoje, o Brasil tem a potencialidade criadora de um povo de napoleões. Convença-se leitor: você é napoleônico.”
Nelson Rodrigues estava eufórico em sua coluna “Meu personagem da semana” publicada no Globo do dia 18 de junho de 1962. E não era para menos! A seleção brasileira conquistava o bicampeonato mundial no Chile, no dia anterior. Quando se esperava o futebol de Pelé, o que se viu foi Amarildo, Garrincha, Vavá. O rei se machucou no começo da competição e não pode continuar jogando. Foi o momento do anjo das pernas tortas driblar os adversários até entortá-los e se consagrar como o grande nome daquele Mundial.
O Brasil não precisava provar mais nada para ninguém! O Maracanazo era coisa do passado. Como dizia a letra da música que embalou a seleção: “A taça do mundo é nossa com brasileiro não há quem possa”. A seleção campeã e Nelson Rodrigues escrevendo sobre o título. Sentíamos donos do mundo! Com brasileiro transformado em Napoleão, ai daquele que quisesse nos enfrentar!
Antes de encerrar este texto, gostaria de falar sobre o Diário do Nordeste. Em seu site, no dia 14 de junho deste ano, saiu um artigo do renomado jornalista Xico Sá sobre o boato divulgado por Carlos Imperial, em 1968, de que os Beatles iriam regravar “Asa Branca” do Luiz Gonzaga. Eu também escrevi aqui no Jornal Opção sobre este boato ou, sobre essa fake News muito antes de se chamar fake News, em dezembro do ano passado. Xico Sá traz alguns detalhes a mais, mas a conclusão do texto é a mesma frase que encerrei o meu: Se os Beatles não gravaram “Asa Branca”, azar dos Beatles. Quero dizer ao Xico Sá que pode citar o texto do Opção. A gente não morde, pelo contrário, fico feliz que o texto tenha chegado ao seu conhecimento. Mas citar as fontes faz um bem danado! E continue acessando o site do Jornal Opção. Tem muita gente boa aqui que escreve textos maravilhosos!
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