“Por mais terras que eu percorra

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá

Sem que eu leve este por divisa

Este V que simboliza

A vitória que virá”

O poeta Guilherme de Almeida compôs a letra da “Canção do Expedicionário”, música que embalou nossos pracinhas que saíram do Brasil para a Itália derrotar as tropas nazistas. A cobra fumou. A foto deste post foi publicada na página do Arquivo Nacional do Facebook. Se você não segue, vale a pena seguir. A foto registra o retorno dos nossos pracinhas em 1945, depois de ajudar e muito os Aliados a derrotarem o Eixo. Foram 25 mil homens.

Essa volta dos soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) trouxe orgulho para os brasileiros. E eles trouxeram também novos ares para a nossa política. A ditadura do Estado Novo estava enfraquecida, a censura já não mordia tanto quando em 1937. Getúlio Vargas já sabia que o tempo dele no poder estava acabando. A volta da FEB acendeu o questionamento: lutar na Itália, ver companheiros tombarem em combate, contra um governo autoritário e voltar ao seu país sendo governado por um ditador não fazia sentido.

Filho de goianos, Aguinaldo Caiado liderou a tomada do Monte Castello, na Itália | Foto: Jornal Opção

Vargas convocou eleições gerais no final de 1945. Já fazia quinze anos que o povo não votava para presidente. Mas alguns varguistas saíram às ruas exigindo a permanência de Vargas até a convocação de uma Constituinte. Era o “Queremismo”. Se hoje tem gente que é saudosista da ditadura civil-militar, em 1945 tinha gente já sentida com o fim da ditadura do Estado Novo. Mas, saudades à parte, os militares voltaram da guerra com vontade de poder. Tanto é que em 29 de outubro de 1945, eles depuseram Getúlio Vargas. Até 1964, as Forças Armadas ficariam à beira do poder até perder a paciência com os civis e tomar conta de tudo. Curiosidade: o substituto de Getúlio Vargas, o democrata Eurico Dutra, chegou, na década de 1930, a ter entusiasmo pelo regime de Adolf Hitler.

O Brasil vive de instantes. Os pracinhas foram homenageados nos anos seguinte à volta da guerra, mas hoje, muitos são esquecidos. A tomada de Monte Castelo era uma data lembrada com desfiles e festejos. Hoje, apenas uma folhinha no calendário. No Rio de Janeiro tem um belo monumento aos pracinhas, no Aterro do Flamengo. Vale a pena visitar e recordar a história daqueles brasileiros que lutaram contra o nazifascismo na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A cobra fumou e a vitória veio.

Você sabia que 111 goianos lutaram contra o nazifascismo na Itália? (A informação consta do livro “Barbudos, Sujos e Fatigados  Soldados Brasileiros na Segunda Guerra Mundial”, de Cesar Campiani Maximiano. Um deles, Joaquim Pinto Magalhães, perdeu a perna em Montese. Aldemar — e não Ademar — Ferrugem levou um tiro e morreu na Europa. Benvindo Belém virou nome de rua em Belo Horizonte, mas não em Goiânia ou em outra cidade de Goiás.

O coronel que liderou a tomada de Monte Castello, Aguinaldo Caiado de Castro, era filho de goianos.