Na noite do dia 23 de agosto de 1954, Getúlio Vargas se reuniu com seus ministros no Palácio do Catete e anunciou que, no dia seguinte, pediria licença da Presidência da República. A situação estava incontrolável. A oposição falando a todo momento que o governo virou um “mar de lama”. O vice presidente Café Filho propondo que ele e Getúlio renunciassem aos cargos para pacificar o país. Os quartéis a postos esperando as ordens para agir.

Benjamin Vargas informou ao seu irmão Getúlio que fora convocado para prestar depoimento no inquérito da Aeronautica sobre o atentado na rua Tonelero. Inquérito este tão poderoso que foi chamado de “República do Galeão”. Já era madrugada do dia 24 quando Vargas entrou em seu quarto, vestiu o pijama e deitou em sua cama. Por volta das 8:30 escutou-se um tiro. Getúlio Dorneles Vargas atirou contra o próprio peito. Era o fim de uma era no Brasil.

A oposição comemorava o afastamento de Vargas. Não por muito tempo. Carlos Lacerda conta em seu “Depoimento”, que lideranças da oposição estavam na casa de José Nabuco tomando champanhe quando o suicídio foi noticiado. Ninguém esperava aquele gesto extremo. Lacerda recordou 23 anos depois o sentimento de pena da tragédia humana, da agonia de chegar a tal situação.

Quando sua carta testamento foi lida no rádio, o povo foi às ruas e depredou o “Tribuna da Imprensa” de Lacerda, quebrou carros do jornal “O Globo”, ou seja, tudo que estava na trincheira contra o governo. Mais uma vez Samuel Wainer fez valer o apelido de “Profeta”. O “Última Hora” trouxe na capa: “Ele cumpriu a palavra”, recordando a edição anterior quando Vargas disse que só sairia do Catete morto. Vargas virava o jogo. O tiro no Palácio do Catete abafou os tiros da Rua Tonelero.

Getúlio Vargas colocou o Brasil no século XX. Deixamos de ser um país rural para se tornar urbano. A indústria cresceu. O operário tem carteira de trabalho, férias, descanso remunerado. Apesar do seu lado autoritário, a Era Vargas mudou o Brasil. De fato, ele saiu da vida e entrou para a História.

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