Se existisse Instagram em 30 de março de 1964, no momento que o presidente João Belchior Marques Goulart (191901976 — viveu apenas 57 anos) chegasse ao Automóvel Clube, no Rio de Janeiro, para uma festa promovida pela Associação de Sargentos da Polícia Militar, tocaria aquela música que virou meme: “Oh no, Oh no, oh no, no, no, no”.

O ex-primeiro-ministro Tancredo Neves aconselhou Jango a não ir. Não quis ouvir a orientação serena e segura do mineiro.

O clima político militar estava fervendo principalmente depois do Comício da Central do Brasil no dia 13 de março. Mas desde aquele comício, o presidente decidiu jogar todas as fichas nas reformas de base.

Dias antes, João Goulart não puniu os marinheiros que se rebelaram contra seus superiores, numa clara quebra da hierarquia. Se o comandante em chefe das Forças Armadas não puniu os revoltosos, quem eram marechais e generais para punir?

Olímpio Mourão Filho (de capacete)

No Automóvel Clube, Jango quis demonstrar sua força e reforçar que seu governo manteria a defesa das Reformas de Base. O discurso foi transmitido pela televisão e lá em Juiz de Fora, em Minas (diz-se que tudo começa em Minas), um general já descontente com toda a situação, viu o que Jango estava fazendo e resolveu agir. Olympio Mourão — conhecido como Vaca Fardada (ele foi autor do famoso Plano Cohen, atribuído aos comunistas e pretexto para o golpe do Estado Novo em 1937) — sabia da conspiração contra o governo e resolver pegar suas tropas e marchar para o Rio de Janeiro. Os conspiradores que se entendessem depois.

Chegava ao fim o período democrático iniciado depois do fim da ditadura do Estado Novo, em 1945.

Mesmo com os perrengues políticos e militares que passamos neste período, imaginávamos que o Brasil  seria um país melhor, principalmente depois do governo Juscelino Kubitschek: democracia, Brasília, automóveis, bossa nova, Pelé, Garrincha… Após o 30 de março de 1964 só nos restou dizer “Oh no, oh no, oh no, no, no”!