A última vez que o Rio de Janeiro viu um cortejo fúnebre reunir tanta gente foi na morte de Getúlio Vargas, em1954.

O estudante Edson Luís não era político, mas a sua morte marcou as manifestações contra a ditadura civil-militar em 1968. Ele foi morto pela polícia em 28 de março daquele ano durante o embate entre estudantes e policiais perto do Restaurante Calabouço, no Centro do Rio de Janeiro.

Edson Luís saiu de Belém pra estudar no Rio de Janeiro | Foto: Reprodução

O restaurante servia uma comida ruim e era motivo de reclamação dos estudantes que precisavam almoçar ali. Além da comida, a estrutura do restaurante deixava a desejar. O local estava em construção, pois a antiga sede do Calabouço foi demolida para a construção de um trevo rodoviário no Aterro do Flamengo.

Naquele 28 de março de 1968, os estudantes se reuniram no restaurante para protestar pelo término da construção, melhores condições de higiene e qualidade da alimentação. Policiais militares entraram em confronto e atiraram contra os manifestantes. Edson Luís foi atingido por um tiro e morreu na hora. Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Aproximadamente 50 mil pessoas participaram do seu enterro.

A missa de sétimo dia, celebrada na Igreja da Candelária, virou protesto contra a violência do governo militar. Em outros estados também teve missa por Edson Luís e protestos. Em Goiânia, na Catedral Metropolitana foi celebrada uma missa. A linha dura apertava ainda mais o cerco contra seus opositores.

Edson Luís teria feito 73 anos em fevereiro

Edson Luís de Lima Souto nasceu em Belém, em 24 de fevereiro de 1950, e morreu em 28 de março de 1968.

Nascido em Belém, Edson Luís mudou-se para o Rio de Janeiro com o objetivo de estudar no Instituto Cooperativo. Se estivesse vivo, teria 73 anos. Quando morreu, tinha apenas 18 anos. Era católico.