A Praça Cívica ficou lotada no dia 12 de abril de 1984. Aconteceria ali o comício das Diretas. Desde 1968, quando a ditadura impôs o AI-5, que não se via tanta gente nas ruas. Iris Rezende, governador goiano na época, esperava meio milhão de pessoas na praça histórica de Goiânia pedindo o retorno das eleições presidenciais diretas. Ele estava tão otimista que esperava superar o comício do Rio de Janeiro. Um dia antes, Iris vistoriou o palco montado na Praça Cívica.

O comício estava previsto para começar às 17 horas, mas desde o começo da manhã Goiânia já se preparava para aquela noite especial. Sete governadores estiveram presentes como Tancredo Neves, de Minas Gerais, e Franco Montoro de São Paulo. O deputado Dante de Oliveira, autor da emenda constitucional das Diretas, também esteve presente bem como Ulysses Guimarães, o anticandidato de 1973 que enfrentou os cães raivosos da ditadura. Artistas nacionalmente conhecidos dividiram palanque com os políticos. As atrizes Cristiane Torloni, Ruth Escobar e Carla Camurati, os cantores Belchior, Martinho da Vila, Lecy Brandão e Fafá de Belém. Todo mundo sabia de cor o refrão: “Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos eleger o Presidente do Brasil”.

Desde 1960 que os brasileiros não votavam para Presidente da República. O golpe de 1964 interrompeu o processo democrático que vinha desde o fim da ditadura do Estado Novo, em 1945. O povo não aguentava mais ver passivo o Colégio Eleitoral eleger o Presidente da República. Vinte anos de silêncio, de arbítrio! Os comícios pelas Diretas fizeram os brasileiros expressarem publicamente seus anseios para a política. E Goiânia fez bonito naquele 12 de abril de 1984 com a Praça Cívica e as avenidas próximas repletas de gente exigindo o direito de escolher o próximo Presidente da República.