Imagine antigos adversários (muitas vezes inimigos) reunidos em um único partido. Assim era o Movimento Democrático Brasileiro (MDB)), partido de oposição à ditadura. Alguns o chamavam de “Manda Brasa” e outros de “Modebra”.

Quando o general-presidente Castello Branco decretou o Ato Institucional número 2 extinguindo os partidos políticos, muitos líderes que eram contra os militares no poder migraram para a nova agremiação.

Nos primeiros tempos, o MDB abrigou ex-udenistas, ex-pessedistas e ex-integrantes do Partido Comunista que não aderiram à luta armada (mais tarde, integrantes do PC do B, que operou a Guerrilha do Araguaia, se filiaram ao partido. O advogado e ex-presidente da UNE Aldo Arantes foi deputado federal pelo MDB). Por isso que, em vários momentos, buscou-se formar outros partidos políticos, sem sucesso.

Ulysses Guimarães e Tancredo Neves: diferentes mas unidos pela defesa da redemocratização | Foto: Reprodução

O bipartidarismo começou em 1966, quando o MDB opositor e a Arena governista dividiram a política brasileira até 1979.

O MDB foi fundado em 24 de março de 1966. Logo após a redemocratização, virou PMDB e partido de sustentação do governo.

Eu acho legal analisar a trajetória do partido que começou na oposição durante a ditadura civil-militar e não desgruda do poder na democracia. Hoje em dia, o PMDB voltou a ser MDB, totalmente diferente da época da ditadura.

Na década de 1980, o PMDB tinha uma cara: Ulysses Guimarães. Ele foi presidente do partido, presidente da Câmara, presidente da Constituinte. Só faltou ser presidente da República. Vale frisar que havia outra cara, mais moderada: Tancredo Neves — que, embora eleito presidente, morreu e abriu espaço para José Sarney, ex-membro da Arena e do PDS.