A Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, durante muito tempo foi o centro cultural do Brasil. Ali, naquela rua estreita e histórica, era as sedes dos principais jornais, revistas e livrarias do país. Era comum ver escritores e jornalistas trocando ideias ou jogando conversa fora em algum bar próximo. Nos tempos do Império, quem quisesse saber da última fofoca da Corte era só zanzar pela Ouvidor para ficar bem-informado.

Uma das livrarias de destaque da rua era a José Olympio, número 110. A loja foi batizada com o nome do seu dono. Olympio era paulista de Batatais e nasceu em 10 de dezembro de 1902. Por ali passaram Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e outros tantos escritores que visitavam José Olympio para falar de livros ou procurar alguma obra que precisava. Jovens escritores dos mais diversos pontos do Brasil iam até a Rua do Ouvidor, número 110, levar os originais de suas obras para serem lidas por algum escritor de renome ou para ouvir algum conselho literário.

Além de livraria, a José Olympio abriu uma editora. Muitos livros que já lemos foram editadas pelas suas máquinas, como as Antologias Poéticas de Drummond. Muitos se apaixonaram pelos livros, pela leitura, pela escrita, por causa daquela livraria, daquela editora localizada na Rua do Ouvidor, número 110. José Olympio morreu em 1990 e hoje a sua editora pertence ao Grupo Editorial Record. Para homenagear este grande editor e divulgador do livro no Brasil, um trecho do poema de Castro Alves:
“Oh! Bendito o que semeia

Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar!”