Alzira Vargas do Amaral Peixoto abriu assim a história do seu pai: “Era uma vez um homem só”.

Getúlio Vargas, gaúcho de São Borja, nasceu em 19 de abril de 1882. Ele chegou ao poder em 1930 e governou o Brasil por um quarto de século. Chefe do Governo Provisório, ditador e presidente eleito pelo voto direto, Vargas governou ininterruptamente de 1930 até 1945. Nestes quinze anos, o Brasil passou por grandes transformações. O governo incentivou a industrialização, fez as leis trabalhistas, criou os ministérios do Trabalho e da Educação e Saúde.

Vargas foi ditador. O Estado Novo (1937-1945) foi duro com a oposição, mas concedeu inúmeros benefícios aos trabalhadores. O 1º de maio virou festa e o ditador fazia questão de aparecer em público e acenar para os trabalhadores. Getúlio Vargas era o “pai dos pobres”, o cara que consolidou as leis trabalhistas. Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, Vargas foi deposto e voltou para São Borja. Os inimigos diziam que não voltaria mais ao poder.

Getúlio Vargas e Alzira Vargas, sua filha | Foto: Reprodução

“Voltarei como líder de massas”, disse o velho ditador para o jornalista Samuel Wainer. Em 1950, lá estava Vargas voltando para o Catete “nos braços do povo”. Porém, a oposição não estava apenas no Congresso, mas na imprensa (Carlos Lacerda e outros batiam implacavelmente no presidente, que estaria gerenciando um mar de lama no Catete).

Em 1954, durante uma grave crise política, Getúlio Vargas, o homem solitário que mudou o Brasil, suicidava com um tiro no peito. Dizem que a morte do líder gaúcho atrasou o golpe civil-militar em 10 anos. O golpe ocorreu em 1964, quando os militares, apoiados por vários civis golpistas, derrubaram um discípulo de Vargas, o presidente João Goulart, o Jango. Ambos eram do PTB.

Alzirinha Vargas disse também sobre seu pai: “Era uma vez um homem só, que morreu como pouca gente morre”. Morreu saindo da vida e entrando para a História.