Eu não acompanhei a carreira da Legião Urbana. A primeira vez que eu vi o Renato Russo foi na MTV Brasil, quando passava seu clipe “Strani Amori” e estava em primeiro lugar no Disk MTV e no Top 20. Eu não sabia quem era ele e por que estava no topo das paradas. Foi somente depois da sua morte, em 11 de outubro de 1996, que eu fui ver quem era Renato Russo e o que era a Legião Urbana. No dia seguinte, cheguei na sala de aula do Colégio Agostiniano e vi os colegas chorando sua morte e cantando suas músicas. A professora de Literatura fez uma pausa no conteúdo para colocar “Há tempos” no toca CD e explicar o significado daquela música.

A Legião é aquela banda que até quem não gosta sabe todas as letras porque em todas as rodinhas que tem alguém tocando violão, quando não estão pedindo “Toca Raul”, alguém está cantando “É preciso amaaaar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Não tem como fugir. O jeito é bater palmas e “sou uma gota d’águaaaaaaaaa, sou um grão de areiaaaaaa”. Eu era um dos muitos adolescentes que passavam na banca de jornal para comprar uma revista que ensinava as cifras das músicas da Legião Urbana para aprender a tocar no violão.

Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, remanescentes da banda, lançaram logo após a morte do Renato, o álbum “Uma outra estação”. Não estava finalizado, mas, talvez, pela comoção da morte dele, tenha ganhado outro peso, outro sentido. Eu lembro de ouvir a música “Sagrado Coração” repetidas vezes. É uma música instrumental, mas o encarte tem a letra. Acho que não deu tempo de o Renato colocar a voz. A letra é linda e parece ser uma despedida. Vou postar apenas um trecho:

Eu sempre falo que sou fã das plataformas digitais porque nós podemos acessar as músicas que nós queremos ouvir em qualquer lugar que nós estamos. E hoje é um bom motivo para acessá-las e ouvir Legião Urbana. Até hoje as músicas feitas por Renato Russo, Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá nos emocionam, nos trazem recordações de algum lugar da nossa vida. Parece que eles são nossos parentes e quando um deles morre é como se fosse um dos nossos parentes queridos que morreram. A trajetória da Legião Urbana deixou um rastro na música a ponto de tocar o coração de um adolescente de 13 anos que acabava de saber da morte do seu principal integrante.