Em 1960, último ano do seu governo, a popularidade do presidente Juscelino Kubitschek estava nas alturas. Além de entregar a nova capital federal no Planalto Central, ele desenvolveu a indústria automobilística, construiu rodovias, inaugurou universidades. Sem contar que foi nos anos dourados de sua gestão que a seleção brasileira ganhou seu primeiro título mundial, em 1958, e a Bossa Nova fez tanto sucesso que foi exportada para os Estados Unidos. Eram tempos de euforia e confiança de que nos cinco anos de governo JK o Brasil desenvolveu 50 anos.

Se a reeleição existisse em 1960, com certeza Juscelino seria reeleito e muito bem votado. Como não existia essa possibilidade, o jeito era esperar cinco anos para se candidatar novamente à Presidência da República e voltar ao Palácio do Planalto.

Logo surgiu a pergunta: como estruturar sua campanha se não estava na arena política, se não tinha cargo público? A solução veio de Goiás, o mesmo Estado onde Juscelino construiu Brasília. Por que não se candidatar ao Senado?

Mauro Borges, Juscelino Kubitschek e Pedro Ludovico Teixeira | Foto: Reprodução

O senador goiano Pedro Ludovico, do PSD, foi um dos principais articuladores da ida do ex-presidente para o Senado. Como as vagas no Parlamento já estavam preenchidas em 1961, o jeito era fazer com que algum senador por Goiás renunciasse ao cargo e convocar uma nova eleição. Foi assim que o pessedista Taciano Gomes de Melo renunciou ao cargo de Senador para abrir a vaga esperada por Kubitschek. Ele não ficou de mãos abanando, foi nomeado ministro do Tribunal de Contas do Distrito Federal.

Aberta a vaga, o candidato Juscelino Kubitschek começou a percorrer o interior goiano em busca de votos. Mesmo com o resultado favorável, ele fez comícios, pediu votos, falou com o povo. As eleições ocorreram em 4 de julho de 1961 e Juscelino Kubitschek foi eleito senador por Goiás. Dentro do Parlamento, ele poderia articular sua candidatura presidencial nas eleições de 1965 e se defender das críticas do governo Jânio Quadros. Ninguém imaginava o quão breve seria a passagem do presidente que prometeu varrer a bandalheira. Em 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciava à Presidência da República jogando o país em uma crise político-militar.

Depois da renúncia, Juscelino manteve a costura de alianças políticas para a sua candidatura presidencial. O seu adversário seria o udenista Carlos Lacerda, eleito governador da Guanabara, e que mostrava um ótimo trabalho como administrador da Guanabara nos primeiros anos sem o título de capital federal. Mas o embate entre Juscelino e Lacerda nunca aconteceu. O golpe de 1964 veio aniquilar com as lideranças civis e com os seus projetos presidenciais. Em junho daquele ano, Kubitschek teve o mandato de senador cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos. Quando as eleições presidenciais diretas voltaram, Juscelino Kubitschek não estava mais entre nós.