Em 1976, Juscelino Kubitschek não tinha ideia do que faria em seu aniversário
12 setembro 2024 às 10h49
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Em agosto de 1976, Juscelino Kubitschek estava em sua fazenda nas proximidades de Luziânia (GO). Um amigo lhe perguntou o que pretendia fazer no aniversário, já que a data se aproximava. “Pela primeira vez na minha vida, eu não tenho ideia do que vou fazer no meu aniversário”. Cassado pelos militares desde 1964, boatos sobre sua morte circulando pelas redações dos jornais, proibido de andar livremente em Brasília, os amigos morrendo ou sendo alvos dos IPM’s da ditadura, o que Juscelino teria a comemorar? Para Vera Brant, amiga de todas as horas, o ex-presidente confidenciou que achava melhor para o país a sua morte do que a sua vida.
Nascido em Diamantina no dia 12 de setembro de 1902, filho do caixeiro viajante João Oliveira e da professora Julia Kubitschek, Juscelino viveu sua infância andando descalço pelas ruas de pedras daquela cidade histórica. Após concluir seus estudos, ele partiu para Belo Horizonte cursar Medicina. Em 1932, Juscelino foi enviado para Passa Quatro cuidar dos mineiros feridos no combate contra os paulistas durante a Revolução Constitucionalista. Foi ali que ele conheceu Benedito Valadares, o homem que lhe apresentaria a política. Recém-casado com Sarah Lemos, Kubitschek queria trabalhar em consultório e não em gabinete. Mas não teve jeito. A mosca azul da política já tinha lhe picado.
Juscelino foi deputado estadual, deputado Constituinte, prefeito de Belo Horizonte e Governador de Minas Gerais. A Presidência da República foi o destino certo e em 1956 lá estava o filho do Seu João e da Professora Júlia recebendo a faixa presidencial. Juscelino desenvolveu o país 50 anos em 5, construiu e inaugurou Brasília, a nova capital federal. Quantos 12 de setembro ele comemorou no Catete! Ele esperava voltar ao poder em 1965 e comemorar seus aniversarios no Planalto e no Alvorada.
O golpe de 1964 encerrou abruptamente sua carreira. A cassação lhe tirou o mandato de Senador e seus direitos políticos. Os amigos que lhe mandavam parabéns em 12 de setembro não enviaram nem um bilhete. A ingratidão é dolorosa. Da fazenda em Luziânia, tão perto de Brasília e tão longe do poder, Juscelino Kubitschek olhava para o horizonte e não encontrava motivos para comemorar seu 12 de setembro.