De sua cadeira de rodas (teve poliomielite aos 39 anos), Franklin Delano Roosevelt usava o rádio para explicar aos americanos como seu governo iria recuperar a economia após a Crise de 1929. O “Conversa ao pé da lareira” se transformou num bate-papo entre o presidente e seu povo. Em momentos de crise, a comunicação é fundamental para informar, explicar, motivar, unir. Na Inglaterra, o Rei George VI teve que tratar do seu problema na fala para fazer um discurso convincente aos seus súditos no começo da Segunda Guerra Mundial, como mostra o filme “O Discurso do Rei”.

No Brasil, a primeira vez que um presidente falou no rádio foi Epitácio Pessoa, em 1922, no Morro do Corcovado, durante as comemorações do centenário da Independência. Mas quem institucionalizou a voz presidencial foi Getúlio Vargas. Em 22 de julho de 1935, era criado o “Programa Nacional”, uma transmissão radiofônica feita para informar sobre as ações do governo em todo o Brasil. Três anos depois, já na ditadura do Estado Novo, o programa mudou de nome e passou a se chamar “Hora do Brasil”. O Departamento de Imprensa e Propaganda produziu o programa tornando-o não apenas um mero divulgador de atos governamentais, mas transmitindo nacionalismo, a “boa música” e radionovela. A partir de 1942, o “Hora do Brasil” se direcionou aos trabalhadores e Vargas fazia a sua tradicional saudação: “Trabalhadores do Brasil”.

Em 1962, o programa mudou de nome novamente e passou a se chamar “A Voz do Brasil”, como é até hoje. “Em Brasília, 19 horas” se tornou o bordão oficial dos locutores juntamente com “O Guarani”, de Carlos Gomes, o tema de abertura. Até hoje o “Voz do Brasil” está no ar e até hoje é obrigatória a sua transmissão. Ao soar os primeiros acordes do “Guarani”, é hora de o Brasil desligar o rádio e só voltar a ligá-lo uma hora depois.