Dez anos de pontificado de Francisco, o “papa do fim do mundo”
13 março 2023 às 10h24
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As câmeras de televisão e dos celulares estavam voltadas para um lugar: a chaminé da Capela Sistina, no Vaticano. A noite do dia 13 de março de 2013 já avançava a sua hora e ninguém queria perder nenhum minuto daquele momento histórico. Pela 266º vez, a Igreja Católica elegia um Papa para guia-la nos mares turbulentos deste mundo. Depois de mais um escrutínio, a fumaça estava prestes a sair. Se fosse branca, “habemus papam”! Se fosse escura, a decisão não aconteceu. Vaticanistas apontavam os nomes para o novo sucessor de Pedro. O conclave de 2013 foi diferente porque os católicos não estavam enlutados por causa da morte de um Sumo Pontífice. Bento XVI renunciou e também aguardava a escolha do seu sucessor.
Saiu a fumaça da Capela Sistina! Era branca! Os sinos da Basílica de São Pedro badalavam anunciando a escolha do novo Papa! Quem seria o escolhido? Qual era a sua origem? Minutos depois, o cardeal Jean-Louis Tauran pronunciou o tão esperado “Habemus Papam”! Falando em latim, ele anunciou o novo Pontífice: Jorge Mário Bergoglio, cardeal arcebispo de Buenos Aires. Um latino-americano foi o escolhido! Um fato inédito! Mas como devemos chamá-lo? O cardeal Tauran respondeu: “Francisco”! Outro fato inédito: pela primeira vez teríamos um papa chamado Francisco! Alegria na Praça São Pedro! A imprensa anunciando a notícia não escondendo a surpresa com o nome.
Logo após o anúncio, surgia a procissão que apresentava para Roma e o mundo o novo Papa! Ali no balcão da Basília São Pedro já não estava mais Jorge Mário Bergoglio, mas Papa Francisco. Não usava as vestimentas pomposas que a ocasião pedia. Sua simplicidade começava naquela apresentação. Uma cruz de prata no peito, uma vestimenta branca que os papas usam no cotidiano. Francisco falou pela primeira vez: “Meus colegas cardiais foram buscar o novo papa no fim do mundo, mas estamos aqui”. Um novo capítulo na história da Igreja começava a ser escrita na noite do dia 13 de março de 2013. Se Deus é brasileiro, o papa a partir desta data, é argentino.
Em um mundo onde as imagens dizem muito, são inúmeras as que representam os dez anos de Pontificado de Francisco. Seu despojamento, sua proximidade com os fiéis, sua maneira simples de se expressar. Mas, para mim, a que será uma das marcas da Igreja guiada pelo papa do fim do mundo é a de março de 2020. A pandemia assolando a Itália, o Papa Francisco convocou a todos para um momento de oração. Ele se dirigiu ao púlpito instalado no meio de uma Praça São Pedro vazia para rezar. Ele andando solitário parecia carregar as dores do mundo em suas costas. O papa que ama estar perto do povo não poderia ter contato com ninguém naquele momento em que o distanciamento e a máscara eram os únicos remédios contra o novo coronavírus.
Francisco prega uma Igreja em saída, que se abra para o mundo levando o Evangelho para toda a criatura. Seria tão bom vê-lo novamente no Brasil, quando as câmeras de televisão e dos celulares, tal qual em 2013 durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, registraria imagens e sons de mais um Pontífice.