De um bate papo político pode sair muita coisa, até uma candidatura ao Senado por Goiás
29 agosto 2024 às 11h00
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Tancredo Neves morava no Edifício Golden Gate, em Copacabana, quando estava no Rio de Janeiro. Articulador ardiloso, Tancredo gostava de conversar com políticos para fazer alianças, preparar os próximos passos no Congresso. Há quem diga que foi em seu apartamento no Golden Gate que o ex-governador mineiro articulou o movimento das Diretas e sua eleição presidencial no Colégio Eleitoral em 1985. Hoje, o Golden Gate se chama Tancredo Neves, uma recordação do ilustre morador.
Quando políticos se reúnem para conversar, quer dizer que eles estão analisando a conjuntura do momento e pensando nas próximas eleições. Antigamente os jornalistas abordavam deputados e senadores no famoso “cafezinho”, na pausa entre uma sessão e outra. A foto deste texto, do arquivo do colunista social Lourival Batista Pereira, nós vemos Juscelino Kubitschek conversando com Segismundo de Araújo Melo e Alfredo Nasser. Os outros integrantes não foram identificados. Há quem diga que foi dessa conversa que nasceu a candidatura de Juscelino Kubitschek ao Senado por Goiás. Era o final do ano de 1960, o mandato presidencial de JK estava terminando. Ele precisava de um espaço para ser visto pelo público, articular sua volta ao poder dali cinco anos e responder as acusações de Jânio Quadros que acabara de se eleger Presidente da República.
O papo rendeu muito. Depois de umas semanas de descanso viajando pela Europa, no começo de 1961, Kubitschek mergulhou de cabeça em sua candidatura ao Senado. Sua vitória era certa, mas ele quis seguir o script de campanha. Em um comício pelo interior de Goiás, o ex-presidente conseguiu colocar no mesmo palanque Alfredo Nasser e Pedro Ludovico. Só mesmo Juscelino Kubitschek para unir duas lideranças tão antagônicas.
De um bate papo informal entre políticos, como quem não quer nada, são tomadas decisões que terão impactos significativos na política brasileira. Tancredo no antigo Golden Gate durante a redemocratização e Juscelino reunido com Nasser e Segismundo em sua campanha para o Senado por Goiás são provas de que um cafezinho pode fazer muita coisa pelo Brasil.
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