De todas as sucessões presidenciais, a de Costa e Silva foi a mais obscura

16 setembro 2024 às 11h09

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Estes homens fardados aí na foto iriam decidir a sucessão presidencial em 1969. Uma sucessão sem campanha eleitoral, sem santinhos nas ruas, sem candidatos beijando bebês, abraçando senhoras e prometendo um Brasil mil vezes melhor do que o daquele ano. A sucessão do Marechal Arthur da Costa e Silva foi feita a portas fechadas. O presidente linha dura fora afastado dos comandos do Brasil após sofrer uma isquemia cerebral. Seu vice, Pedro Aleixo, não assumiu o cargo. Se em 1961, os militares quase impediram um vice assumir a Presidência, em 1969 eles conseguiram.
Murilo Melo Filho, jornalista da Revista Manchete, escreveu sobre o agitado setembro de 1969. Começou com a doença de Costa e Silva e seu provável sucessor e teve o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick. Não se sabia se o presidente iria recuperar a saúde. Com a esquerda partindo para a luta armada e sequestrando embaixador do maior aliado do Brasil, a Junta Militar não queria perder tempo.
A foto foi publicada na Manchete e tinha como legenda: “Reunidos à mesma hora, mas em locais diferentes, generais, almirantes e brigadeiros, estudam a situação atual do Brasil”. Com o Congresso Nacional em recesso desde 13 de dezembro de 1968, quando o Ato Institucional número 5 foi publicado, “a situação atual do Brasil” estava nas mãos dos homens de farda enquanto os civis estavam de pijama em casa esperando alguma notícia. Se é que a notícia viria já que a imprensa estava sob censura.