“Aqui fala o Seu Repórter Esso, testemunha ocular da História. A Rádio de Hamburgo, depois de transmitir o ‘Crepúsculo dos deuses’ durante muitas horas acaba de anunciar: o Führer morreu! Terminou a guerra! Terminou a guerra! Terminou a guerra!”

Todas as vezes que ouço este áudio, me emociono: o anúncio da morte de Adolf Hitler e consequentemente o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Heron Domingues (1924-1974 — viveu 50 anos. Ele mesmo dizia que fumava e bebia demais) cumpria o slogan do primeiro programa jornalístico do rádio brasileiro: “O primeiro a dar as últimas”. Por décadas o Repórter Esso reunia a família ao redor do rádio para ouvir as notícias do Brasil e do mundo.

Repórter Esso era a voz da verdade

A primeira edição do programa foi ao ar em 28 de agosto de 1941, quando o Führer sanguinário — Adolf Hitler — avançava suas tropas pela Europa e Getúlio Vargas governava o Brasil com mãos de ferro. A Rádio Nacional apresentava ao grande público o programa que se tornaria uma referência. Dizem que, quando saía uma notícia, o povo não acreditava enquanto tal notícia não fosse anunciada, ou seja, confirmada pelo Repórter Esso. O nome do programa era uma referência ao patrocinador, a Esso do Brasil, Standard Oil Company of Brazil, e seguia padrão do “Your Esso Reporter”, dos Estados Unidos.

Com o surgimento da televisão, o Repórter Esso migrou para a TV Tupi. O público não mais ouviria a voz do locutor, mas veria o seu rosto. Heron Domingues fez essa transição e deu certo. Ele foi contratado pela Rede Globo e apresentou o “Jornal Nacional”. Com as emissoras fazendo seus próprios telejornais, o Repórter Esso perdeu força e audiência. Mas a vinheta, quando toca, até hoje nos faz recordar o primeiro programa de jornalismo do rádio brasileiro e não tem como não se emocionar ao ouvir os áudios das notícias mais marcantes, como o anúncio do fim da guerra.