Como a televisão mudou a política

18 setembro 2023 às 13h05

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A política mudou com o surgimento da televisão. Todo mundo já deve ter ouvido falar no famoso debate entre John Kennedy e Richard Nixon nas eleições norte americanas de 1960. Há quem diga que foi ali que Kennedy ganhou a eleição. Ele estava bem a vontade, sorridente, enquanto Nixon nervoso e sisudo não parava de tirar o lenço para enxugar o suor. Veja a última fala de Mário Covas no debate da Band contra Paulo Maluf na disputa pelo governo paulista em 1998. Foi ali que Covas virou o jogo contra Maluf.
Carlos Lacerda foi o primeiro cara a entender a televisão como um instrumento político. No segundo governo Vargas, Lacerda usava o espaço na TV Tupi para atacar o governo (Chateaubriand e Vargas eram inimigos), denunciar o acordo entre o Banco do Brasil e o “Última Hora” de Samuel Wainer. Em 1961, Jânio Quadros apresentou sua renúncia um dia depois de Lacerda fazer um pronunciamento na televisão. No governo Castelo Branco, em 1964, Lacerda soltou o verbo na TV contra o Roberto Campos e o Plano de Ação Econômica do Governo. Mesmo sendo amigo de Juscelino Kubitschek nos anos 1970, Lacerda o cutucava porque fora impedido de falar na televisão durante o governo do ex-presidente. Se tivéssemos eleição presidencial direta em 1965 , provavelmente os dois participariam de debates televisivos, pois eram candidatos à Presidência.
Com o fim da ditadura e o retorno das eleições diretas, a televisão começou a fazer debates entre candidatos. Eles oscilavam em momentos de seriedade, de ira mortal e de humor. A Bandeirantes foi a primeira a fazer um debate, quando colocou frente a frente Franco Montoro e Jânio Quadros. As eleições de 1989 são lembradas pela edição do debate entre Collor e Lula. O caçador de marajá teria sido beneficiado quando a edição passou no Jornal Nacional.
Nas campanhas de hoje conta muito a imagem que o candidato. Cada um tem seu marqueteiro. Até mesmo nas redes sociais. As roupas, os gestos, as falas. Tudo para impressionar o eleitor e ganhar o voto.