Quer queira, quer não, Fernando Collor de Mello está na nossa história como o primeiro Presidente da República eleito pelo voto popular após o golpe de 1964 e também o primeiro Presidente a passar pelo processo de impeachment. O colorido que a Rede Globo deu em seu candidato nas eleições de 1989 logo se desfez. Collor quis governar sozinho e acabou isolado. O mandato de quatro anos acabou em dois. No final de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados acolheu o processo de impeachment e Collor foi afastado do poder.

Se o Presidente saiu, assume o vice. Itamar Franco se tornou Presidente interino até o processo de impeachment ser finalizado no Senado. Novamente os mineiros ocupavam a cadeira presidencial. No dia 02 de outubro de 1992, os brasileiros começaram a ver o Presidente com seu topete característico em contraposição ao Presidente quase impeachado que passava gel no cabelo. Itamar, ao contrário de Collor, não andou de moto pelas ruas de Brasília e nem andou de jet ski pelo Lago Paranoá. Como bom mineiro, quis trabalhar quietinho.

Itamar governou o Brasil interinamente até o final de 1992. Todo mundo sabia que Collor não iria mais voltar ao Palácio do Planalto e a Casa da Dinda deixaria de ser residência oficial e ponto turístico de Brasília. O novo presidente sabia que tinha pouco tempo no governo e era preciso tomar medidas urgentes para controlar de uma fez por todas a inflação. Se seu antecessor entrou para a história como o primeiro Presidente impeachado, Itamar Franco queria ser lembrado para sempre como o Presidente que jogou água no fogo do dragão da inflação.