De todos os cantos do Brasil, anunciava-se caravanas de carros que seguiam em direção a Brasília. Era o reflexo da chegada das indústrias automobilísticas. Era o resultado das estradas que ligavam o litoral, a Amazônia, o Pantanal, os pampas até Brasília.

Todos deveriam chegar em 21 de abril de 1960, data da sua inauguração. Enquanto isso, os caminhões de mudança faziam o transporte dos objetos e dos documentos daqueles que se mudariam do Rio de Janeiro até Brasília.

De todos os cantos do Brasil, as pessoas que não esperavam o 21 de abril de 1960 e desembarcavam em Brasília ficaram admirados de ver a Praça dos Três Poderes com seus palácios, as avenidas largas, os prédios funcionais.

Aldous Huxley e Juscelino Kubitschek no Brasil, na década de 1950 | Foto: Reprodução

Juscelino Kubitschek diria mais tarde que o visitante de Brasília se assemelhava a um estrangeiro recém-chegado a Roma vendo o Coliseu e o Fórum. Ele ficaria maravilhado. Alguém imaginaria no dia da posse de Juscelino, em 1956, que ele passaria a faixa para seu sucessor em Brasília?

A UDN, partido de oposição, rachou. Uns deixaram o presidente começar a construir a nova capital na esperança de que a cidade nunca ficaria pronta. Os udenistas goianos eram mais goianos do que udenistas e sabiam dos benefícios de Brasília para Goiás, por isso apoiaram o governo (Emival Caiado, por exemplo, era udenista e lutou pela construção de Brasília, por entender que era uma obra crucial para alavancar o desenvolvimento do Brasil).

A beleza do Palácio do Planalto: um edifício-escultura | Foto: Divulgação

A UDN lacerdista (Carlos Lacerda era um político onipresente) foi contra Brasília até no dia da sua inauguração. Apesar dos protestos dos cariocas já saudosos do Rio capital federal, lá estava Brasília de braços abertos para receber todo mundo, seja governo, seja oposição.

Os escritores Aldous Huxley e André Malraux (que chamou de capital da esperança) vieram visita-la. Saíram mesmerizados.