Ary Barroso, o homem da aquarela do Brasil

21 setembro 2023 às 13h04

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O rádio brasileiro na primeira metade do século passado era uma mina de ouro. Os programas radiofônicos transmitiam música e futebol. As vozes mais belas da nossa música eram captadas pelos microfones da rádio. Os lances de Pelé, Garrincha e companhia eram narrados com emoção por Jorge Cury e Ary Barroso
Ary foi locutor esportivo apaixonado pelo Flamengo e comemorava cada gol rubro negro. Em sua homenagem, hoje é dia do radialista. Além de locutor, ele apresentava programas musicais na Rádio Cruzeiro do Sul, do Rio de Janeiro, e revelou novos talentos. Sabedor da luta dos compositores pelo reconhecimento do seu trabalho, Ary Barroso fazia questão de apresentar a música e quem a compôs. No livro “História das canções – Tom Jobim”, de Wagner Homem e Luiz Roberto Oliveira tem uma história muito boa. Ary Barroso apresentou uma caloura em seu programa de rádio. A moça iria cantar “Se todos fossem iguais a você”, de Vinicius de Moraes. Ary, sabendo que a letra não era só do Poetinha, perguntou para a caloura: “E o Tom?” Ela respondeu: “Lá Menor”.
Ele nasceu em 7 de novembro de 1903 e foi um dos nossos maiores compositores. Escreveu “Aquarela do Brasil”, um samba exaltação. Escreveu também músicas para Carmem Miranda e foi indicado ao Oscar de melhor canção “Rio de Janeiro”, de 1945. Teve um dia que Ary adoeceu e foi internado. Seu amigo Antônio Maria, jornalista e compositor de “Ninguém me ama”, foi visita-lo. Ary pediu para Maria cantar “Aquarela do Brasil”. O amigo hesitou, mas Ary insistiu e não teve jeito. Lá vai Maria cantar “Brasil, meu Brasil brasileiro (…)”. Logo em seguida, Ary fez outro pedido para Maria:
- Agora me pede pra cantar “Ninguém me ama”.
Novamente Maria ficou sem jeito, mas acabou pedindo: - Ary, canta a minha música “Ninguém me ama”
E Ary respondeu: - Não sei, Maria, não sei!”