A prorrogação do mandato de Castelo Branco acabou com o sonho de Carlos Lacerda chegar à Presidência da República
08 agosto 2024 às 09h02
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O Governador da Guanabara, Carlos Lacerda, escreveu uma carta para Bilac Pinto, que era Presidente da UDN em julho de 1964, sobre a emenda constitucional que iria prorrogar o mandato de Castello Branco na Presidência e de José Maria Alkmin na Vice-Presidência até 1967. “Isto é o 10 de novembro de 1937 com a aprovação do Congresso”. Lacerda se referia ao golpe do Estado Novo liderado por Getúlio Vargas. A prorrogação do mandato presidencial adiou as eleições presidenciais para 1966 e não mais em 1965 como previsto.
Naquela altura do campeonato, Lacerda já não era mais um aliado imprescindível daqueles que tomaram o poder em 31 de março de 1964. O seu discurso anticonunista já não tinha mais o impacto de antes e a sua candidatura presidencial já era coisa do passado. Só lhe restavam as eleições estaduais de outubro de 1965. Fazer o seu sucessor no Governo da Guanabara lhe daria condições de lutar por um espaço político, mas isso não seria fácil.
A prorrogação do mandato de Castello foi um sinal de que os militares não sairiam do poder tão cedo. A intervenção de 1964 não seria igual as outras intervenções. Eles vieram para ficar. Não demoraria para que o adiamento das eleições presidenciais diretas se transformassem em anulação e povo fosse deixado de lado na escolha do seu Presidente.
Em julho de 1964, o movimento de 31 de março já não tinha a mesma popularidade de antes. As primeiras denúncias de tortura começavam a serem noticiadas. As cassações de mandato não se restringiram aos comunistas. A prorrogação jogou água no chopp de muita gente como Carlos Lacerda. Como diria David Nasser, “a Revolução se perdeu de si mesma”.