A data oficial da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek é 22 de agosto de 1976. A causa oficial é acidente automobilístico na Via Dutra, próximo a Rezende (RJ). Isso tudo oficialmente falando. Extraoficialmente tem teorias da conspiração para tudo quanto é gosto.

Em 1976, Kubitschek era mais um entre os vários políticos cassados pela ditadura civil-militar iniciada em 1964. Ele foi preso logo após a publicação do AI-5, em 1968.

Na década de 1970, impedido de visitar Brasília, sua filha mais nova, Juscelino comprou uma fazenda perto de Luziânia, que fica a poucos quilômetros da capital federal. Era a forma de estar perto de Brasília. O ex-presidente dizia que gostava de observar os aviões se preparando para aterrissar no aeroporto da capital.

Lucio Costa e Juscelino Kubitschek: construtores de Brasília | Foto: Reprodução

Em 7 de agosto de 1976, correu um boato nas redações dos jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo de que o ex-presidente havia morrido em um acidente de carro quando se dirigia para a sua fazenda.

O jornalista Carlos Castelo Branco (colunista-ás do “Jornal do Brasil”) telefonou para Vera Brant, muito amiga de Juscelino, para saber se o boato era notícia. Vera telefonou para um posto de gasolina que ficava perto da fazenda de Juscelino e pediu para verificar se estava tudo bem, pois não tinha telefone na sede da fazenda. O ex-presidente estava muito bem. O acidente era fake news.

Livro com depoimento de Ernesto Geisel diz que JK não era corrupto

O boato abalou o ânimo de Juscelino. Ele dizia para amigos que era mais útil ao país morto do que vivo e que, pela primeira vez em sua vida, não tinha pensado em fazer alguma festa no seu aniversário em setembro.

Juscelino Kubitschek morreu no dia 22 de agosto de 1976 num acidente na Via Dutra. A lembrança do boato de dias antes deu início às ligações da ditadura com o ocorrido. Kubitschek morreu sem direitos políticos e não viu a democracia voltar ao seu país. Ele viveu 73 anos.

Mas o presidente Ernesto Geisel decretou luto oficial por três dias (num livro com uma longa entrevista de Geisel, colhido por professores da Fundação Getúlio Vargas, o presidente disse que JK não erra corrupto, e admitiu o exagero dos militares). 

Nunca a ditadura tinha prestado tal homenagem para um político cassado. O corpo do ex-presidente foi enterrado no Cemitério da Esperança, em Brasília. Com a inauguração do Memorial JK, em 1981, seu corpo foi trasladado para lá — onde está até hoje.

Confira a fala de Juscelino Kubitschek