A Revista Realidade foi uma publicação da Editora Abril que circulou entre os anos 1960 e 1970. Suas edições estão digitalizadas e disponíveis na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Na edição de setembro de 1972, quando o Brasil recordava os 150 anos da independência, a revista trouxe um ensaio escrito pelo professor da USP, Antônio Fernando Costella, recordando a importância da imprensa no processo de emancipação do Brasil.

Os primeiros prelos vieram para cá juntamente com a família real portuguesa, em 1808. Os jornais sofriam censura da Corte e muitos deles não podiam se posicionar politicamente. Quem quisesse fazer isso, tinha que sair do Brasil. Hipólito da Costa morava em Londres quando começou a escrever o “Correio Braziliense ou Armazém Literário” criticando o governo português. A censura só caiu no nosso país em 1821, no embalo da Revolução do Porto. O decreto de Dom Pedro I que concedeu a liberdade de imprensa permitiu o surgimento de vários jornais de opinião. Até o príncipe regente decidiu rabiscar algumas linhas no jornal “O Espelho” (claro, usando pseudônimos).

Apesar da liberdade de imprensa garantida por decreto, alguns jornalistas foram presos e de dentro da cadeia continuavam publicando suas opiniões. Os grupos políticos que começavam a surgir no Brasil também usavam os jornais para se posicionar e atacar seus adversários. O ensaio publicado pela Realidade nos mostra como a imprensa atuou no Brasil no período da nossa independência. As águas do Riacho do Ipiranga foram agitadas pelas páginas dos jornais.