Se em 1964 alguém dissesse que Carlos Lacerda e João Goulart se encontrariam e fariam uma aliança política, com certeza diriam que era loucura. Talvez até os dois batessem na madeira dizendo que esse encontro jamais aconteceria, nem de brincadeira.

Três anos depois do golpe, já estávamos no segundo governo militar. A cada dia as lideranças civis perdiam força. Mas era preciso fazer alguma coisa. Eis que surge a Frente Ampla, uma aliança entre os líderes civis contra a ditadura.

Lacerda estava disposto a conversar com os ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek, ambos cassados e vivendo no exterior. O demolidor de presidentes estava manso. Como era o único que ainda tinha direitos políticos, muitos viram essa jogada de Lacerda como estratégia para chegar à Presidência. Outros tantos viram como um momento único, uma prova de que os contrários poderiam baixar as armas e conversar.

Em 24 de setembro de 1967, Carlos Lacerda embarcou para o Uruguai e teve um encontro com Jango. Ainda bem que fotografaram o encontro porque, se não tivesse o registro, alguém duvidaria. O encontro foi tranquilo. Lacerda e Jango discutiram a Frente Ampla. “O senhor me feriu e eu feri o senhor” disse Lacerda. Ao saber das primeiras reações do cunhado Leonel Brizola sobre o encontro, Jango disse a Lacerda: “Governador, deixa que eu resolvo isso. É coisa de família”.

Foi divulgado um manifesto após o encontro. Sobre a Frente Ampla, devemos lembrar a atuação do deputado Renato Acher. Ele que fez a ponte entre Lacerda e os ex-presidentes. Meses depois, a Frente foi fechada pelo Ministério da Justiça.