Quando foi cassado, o político de Minas Gerais era senador por Goiás e, na prática, um senador quase-candidato a presidente da República

“Infelizmente, ao advertir o presidente Kubitschek, ao fim de seu governo, sobre a inconveniência de sua candidatura precipitada à sucessão de Jânio Quadros, então presidente eleito, já perto da posse, jamais poderia imaginar que o JK-65 iria constituir o ponto de apoio de seu afastamento da vida política, durante dez anos, por força da punição imerecida que a Revolução de 1964 lhe infligiu, arredando-o da competição eleitoral, além de interromper o seu mandato de senador pelo Estado de Goiás.” (Josué Montello em “O Presidente Juscelino Kubitschek de Minhas Recordações”).

Juscelino Kubitschek era senador por Goiás e candidato à Presidência nas eleições de 1965. No Colégio Eleitoral que elegeu Castelo Branco, o ex-presidente votou no marechal. Desde a chegada dos militares ao poder que sua presença incomodava. Acusações feitas anos antes foram trazidas à tona para justificar a cassação de Kubitschek. No dia 8 de junho de 1964, saiu oficialmente a ordem para cassar seu mandato de senador e a perda dos seus direitos políticos.

Juscelino Kubitschek com o jovem Iris Rezende | Foto: Reprodução

Ao cassar JK, os militares deixaram claro para a classe política que não eram apenas comunistas ou apoiadores do governo João Goulart que poderiam sofrer as medidas arbitrárias do novo governo. Além disso, representava uma ameaça às eleições presidenciais de 1965. As chances de Juscelino Kubitschek voltar ao poder eram imensas.

Era o fim da carreira política do ex-presidente. Kubitschek teve que comparecer a depoimentos nos quartéis para responder aos inúmeros Inquéritos Policial Militar, os famosos IPM, que era alvo. Denúncias desde os tempos da construção da Pampulha, quando era prefeito de Belo Horizonte, até sobre Brasília, quando era presidente. Juscelino saiu do Brasil poucos meses depois para morar no exterior longe da loucura que virou o Brasil pós- golpe de 1964. Começava o processo de marginalização das lideranças civis e a longa permanência dos militares no poder.