Yara Nunes incomoda porque está arejando o ambiente cultural de Goiás

28 abril 2023 às 16h12

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Yara é mulher. Yara é negra. Yara é jovem. Yara é competente. Yara é decente. Yara é gentil. Yara é aberta ao diálogo. Yara é bonita.
Yara Nunes é secretária de Cultura do governo de Goiás. Democrática e avessa a mesquinharias, a jovem está arejando o ambiente cultural do Estado.
Por que Yara incomoda alguns — isto mesmo: poucos? Pelo que é, e por suas virtudes. Num mundo tão confuso, como o atual, ter virtudes parece o mesmo que ter um monte de defeitos.
Porém, se não há defeitos graves, é preciso apresentar um, ao menos um: ah, ela não mandaria na Secretaria da Cultura? Seria uma preposta. O que, claro, não é verdade. Ela manda. Mas governo, que é público, exige um grau de integração. Equipes se conectam. Yara respeita isto. Porque, como secretária, é parte de um todo. Não é uma ilha, diria John Donne, o bardo britânico.
Na Casa Grande sempre há alguém que se rebela quando uma pessoa da Senzala põe a cabeça pra fora. É preciso cortá-la… antes que outras cabeças se elevem.
Há quem acredite que ser crítico equivale a ser desrespeitoso. O crítico relevante é aquele que, com seu apontamento ou ressalva, sugere novos rumos, caminhos construtivos. Aqueles que só sabem destruir um dia acabam na chapada — aliás, como um deles acabou… só… solamente só. E voltou, como badeco… Triste fim… sem quaresma e policarpos…
Poema de Emily Dickinson para alegrar o dia
Eu sou Ninguém. E você?
É Ninguém também?
Formamos par, hein? Segredo —
Ou mandam-nos p’ro degredo.
Que enfadonho ser alguém!
Tão público — como o sapo
Coaxando seu nome, dia vai, dia vem
Para um boquiaberto charco.
(“Uma Centena de Poemas”, de Emily Dickinson. Tradução de Aíla de Oliveira Gomes)