O historiador britânico escreveu sobre a era das revoluções, mapeou o breve século 20, produziu uma história social do jazz e citou até o cangaceiro Lampião

Richard Evans, um dos mais importantes historiadores da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), é professor de Cambridge. Pois, depois de ter publicado três volumes alentados sobre a batalha de Winston Churchill, Ióssif Stálin, Franklin D. Roosevelt e Charles de Gaulle — além de milhões de soldados (25 mil deles brasileiros — 111 dos quais goianos) — contra Adolf Hitler e Benito Mussolini, o pesquisador britânico decidiu contar a vida de Eric Hobsbawm (1917-2012 — um longo “século” de 95 anos).

Pode-se não gostar do marxismo de Eric John Ernest Hobsbawm (inglês nascido em Alexandria), o que não se deve é sugerir que não se trata de um historiador notável — um dos melhores intérpretes do século 20, que chamou de “breve”. Frise-se que escreveu uma valiosa história social do jazz, publicada pela Editora Paz e Terra, e um livros sobre “bandidos sociais”, como Lampião, que cita com conhecimento de causa. Sua autobiografia foi publicada no Brasil com o título de “Tempos Interessantes — Uma Vida no Século 20” (Companhia das Letras, 504 páginas, tradução de S. Duarte). Vale, ao leitor da autobiografia, fazer uma leitura comparada com a biografia.

Eric Hobsbwm: um dos mais notáveis historiadores do século 20 | Foto: Reprodução

Não marxistas e até alguns marxistas torcem o nariz para Eric Hobsbawm. Mas deixou livros formidáveis e sua própria vida é interessantíssima. Felizmente sua vida, composta de virtudes e defeitos — o que fortalece a história dos homens é o somatório de tudo, não apenas o realce de uma possível santidade —, foi contada por um historiador do gabarito de Richard Evans. Além de pesquisador infatigável — é autor de uma incontornável história do Terceiro Reich (a “Chegada” ao poder, no “Poder” e “Em Guerra”) —, o scholar da terra de Shakespeare e George Eliot escreve muito bem.

Richard Evans: professor de Cambridge | Foto: Reprodução

Para quem aprecia história, como eu, é um livro imperdível. No curso de História, na Universidade Católica de Goiás (UCG) — formado em 1983, aos 21 anos —, aprendi muito sobre a Revolução Industrial e outros temas lendo os livros de Eric Hobsbawm. A biografia saiu no Brasil pela Editora (ou selo) Crítica, com o título de “Eric Hobsbawm — Uma Vida na História” (728 páginas, tradução de Claudio Carina).

Se o leitor quiser ler um trecho, o início do livro, pode consultar num link disponibilizado pela editora (https://pladlivrosbr0.cdnstatics.com/libros_contenido_extra/47/46746_1_978-65-5535-404-1.pdf).