Andrea Régis foi uma das pessoas mais interessantes que conheci. Começou a trabalhar na Contato Comunicação, subiu rápido e chegou a diretora de Jornalismo

Iuri Rincon

Andrea Régis foi uma das pessoas mais interessantes que conheci. Começou no Jornalismo na Contato Comunicação lá pelo ano 2000 e ficou uns três anos, até 2003. Subiu rápido e chegou a diretora de Jornalismo. Educada, bonita e séria, aliava o conhecimento técnico com um jeito doce de tratar os clientes. Dela, jamais tive reclamação. Era então casada com o guitarrista da Casa Bizantina, Evandro Braga. Além do jornalismo, o rock nos unia. Gostava de Lenny Kravitz e me ensinou a ouvir.

Depois se separou, morou um tempo na Europa. Era loira, ficou morena, e se casou com o Gustavo (Gum) Moura, um publicitário gente boa que fez um sucesso danado quando chegou em Goiânia aplicando um novo conceito do marketing que, na época, era um dos poucos que dominava: o branding.

Com essa história e profissão em comum, a gente vivia se cruzando. No Intermídias (onde Gum foi palestrante), em eventos da comunicação e de nossos clientes. Quando Andrea trabalhava comigo, até nas férias a gente se via. Uma vez nos encontramos no Goiânia Shopping, quando me contou, sorrindo doce e sarcástica, que dormira três dias seguidos porque estava muito cansada do ano exaustivo e de mim.

Em uma festa de final de ano, Andrea saiu comigo no amigo secreto. As festas da Contato aconteciam no porão do Hotel Bandeirantes, na Avenida Anhanguera — os donos chamavam de boate e fazia as festas lá apenas para ficar olhando as paredes pintadas pelo Siron Franco nos anos 70. Andrea falou mal de mim durante a revelação: que brigava com ela, que não tinha paciência, que implicava porque seu Andrea não tinha “i”, que ela trabalhava demais. Falava e ria, ria, ria. Para completar, me deu um boneco do ET, o melhor e mais original presente que ganhei nos cents mil amigos secretos chatos que já participei. O ET fica na sala de casa e agora será um jeito de lembrar da Andrea. Ela se foi neste sábado, depois de lutar com um câncer agressivo. Havia melhorado, mas pegou uma infecção ontem e não resistiu.

Em seu Instagram não há revolta nem vitimismo. Há uma mãe de família dedicada a seu filho pequeno, Plínio, que trabalhava e amava o Gum. Uma pessoa comum. Linda e iluminada.

O enterro será no domingo, 17, às 11 horas, no Cemitério Jardim das Palmeiras.

Iuri Rincon é jornalista e escritor.