Pop conecta Goiânia aos 100 anos com menino que, em 2033, terá 18 anos. Mas há erros

29 outubro 2015 às 22h40
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A reportagem muda o nome de Attilio Corrêa Lima, deixa de mencioná-lo como arquiteto e há trechos confusos
Não há quem não olhe a fotografia de um bebê, sobretudo se aparece na capa de um jornal. No domingo, 25, “O Popular” publicou uma bela foto de Miguel, que nasceu no dia 24 de outubro deste ano, quando Goiânia completou 82 anos.
O jornal teve ótima ideia, explicada no título da primeira página: “Como será a Goiânia centenária de Miguel”. Quando o garoto completar 18 anos, a capital de Goiás terá 100 anos. O “Pop” convidou especialistas para projetar como será a capital quanto tiver 100 anos.
A reportagem especial é muito bem escrita, sobretudo bem pensada. Sete jornalistas — Andréia Bahia, Cleomar Almeida, Eduardo Pinheiro, Karina Ribeiro, Malu Longo, Rafael Xavier e Vandré Abreu —trabalharam na formulação de duas páginas, diagramadas com esmero. O texto final foi redigido de maneira precisa e uniforme.
Porém, como nem tudo é perfeito, há pequenos deslizes, que não empalidecem a qualidade e a originalidade da matéria.
O nome do arquiteto e urbanista Attilio Corrêa Lima (1901-1943) é grafado de duas formas: Atílio Corrêia Lima e Attilio Correa Lima. As duas estão erradas. Primeiro, não é “Atílio”. Segundo, não é “Corrêia”. Terceiro, não é “Correa”. O jornal menciona Corrêa Lima como urbanista, mas não informa que também era arquiteto.
O “Popular” escreve “pólos” com acento, duas vezes, e “polo” sem acento. O acento caiu com a reforma ortográfica.
A palavra “voos” não tem mais acento circunflexo, mas o jornal continua a usá-lo.
Trecho confuso: “O médico Aldair Novato Silva destaca a necessidade de que investir, sobretudo, nas unidades de saúde pública”. Um “se” no lugar do “que” deixaria o texto compreensível.
Noutro trecho, a falta de um “no” trava a frase: “Em 1830, o marechal de campo Miguel Lino de Morais, segundo governador de Goiás império…”.
A turma do politicamente correto não se manifestou; entretanto, como o “Pop” prima por adotar teses do pc, o título “Sem ações, horizonte será ‘negro’” é no mínimo curioso. Aparentemente desconfiado, o editor usa aspas para ressaltar a palavra negro.
O jornal escreve “independente da escolha”. Talvez esteja certo, mas não seria menos impreciso “independentemente da escolha”?
Há um problema recorrente — filigrana, por certo — nas reportagens do “Pop”. Repórteres do jornal costumam usar hífen como se fosse travessão.
Que tal se o “Pop” seguisse a vida do garoto até 2033?
A fotografia da capa é de Wildes Barbosa.