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Fabiana Pulcineli: repórter do primeiro time de O Popular

Fabiana Pulcineli, principal repórter de política do “Pop”, está numa encruzilhada. Pode permanecer no jornal, no qual é respeitada, apesar do salário considerado “baixo” (7 mil reais), fazer campanha política (pelo menos dois pré-candidatos gostariam de tê-la na batalha eleitoral) ou ir para o “Correio Braziliense”.

O fato é que Fabiana Pulcineli não faz leilão nem está se oferecendo no mercado. A repórter, competente e séria, é que tem sido procurada. Se depender da editora-chefe, Cileide Alves, que aprecia seu trabalho firme e preciso, fica no “Pop”.
Há pelo menos duas formas de se valorizar um profissional de qualidade, como é o caso.

Primeiro, pagando-o melhor. R$ 10 mil reais, por exemplo, não provocariam nenhum grande desfalque nas contas do “Pop”, que tem perdido excelentes repórteres, para o “Correio Braziliense” (Rodrigo Craveiro e Almiro Marcos) e para “O Globo” (Vinicius Sassine), porque adota a política, nada moderna, de nivelar os salários por baixo. Os únicos repórteres que ganham um pouco mais são os que trabalham em tempo integral (“full time”).

Segundo, valorizando-o internamente. Embora seja convocada para escrever artigos, por sinal os melhores do “Pop” — jornal que terceiriza sua opinião para Elio Gaspari, Dora Kramer e Miriam Leitão, para citar apenas três —, Fabiana Pulcineli não é chamada para editar a coluna “Giro” e para fazer parte da equipe de editores.

Na contramão do que ocorre noutros jornais e revistas, o “Pop” criou a tradição de editores que não escrevem — se tornem chefes e, com o tempo, se tornam absolutamente descartáveis —, mas avalio que com uma personalidade forte, decidida e crítica como Fabiana Pulcineli isto não aconteceria. Mas está acontecendo com duas jornalistas notáveis, Cileide Alves e Silvana Bittencourt. As duas, que escrevem muito bem e pensam pela própria cabeça, além de serem íntegras, praticamente desapareceram. Silvana Bittencourt eventualmente comparece nas páginas do jornal, com artigos bem formulados, mas é só. Ninguém, na redação do jornal, dá conta de escrever um artigo por dia?

O “Pop” precisa criar uma estrutura na qual seus editores não se tornem burocratas improdutivos. Afinal, pagar bem para os melhores cérebros ficarem apenas dando “palpites” não é um negócio rentável e inteligente. Pôr editores para escrever é muito mais pragmático e enriquecedor do que contratar repórteres que não têm o chamado texto final. O barato, ao menos em jornalismo, costuma sair caro. Uma Fabiana Pulcinelli, agressiva e produtiva, vale, quem sabe, por três repórteres lentos e desinteressados.